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Associação de Reformados rejeita isolamento de idosos até fim do ano
Numa carta aberta ao Governo, a APRe chama a atenção para os perigos do isolamento entre os idosos e defende que o “confinamento sem fim à vista não é solução”, mas sim “o caminho mais curto para a demência senil”.
"Confinar pessoas mais velhas durante meses seguidos configura um grave atentado aos Direitos Humanos" e "qualquer plano de levantamento de restrições tem que contemplar, necessariamente, todas as faixas etárias". Numa carta aberta enviada ao Governo, a APRe - Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados conteste fortemente que venha a ser imposto aos idosos um confinamento até ao final do ano.
Essa hipótese foi avançada na semana passada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen e depois também pela ministra da Saúde, que admitiu que assim seja "se essa for a recomendação mais adequada".
"Quem profere ou defende tais declarações não mede o alcance do que diz. Estão a ser visadas pessoas que podem estar frágeis, carentes de afeto, longe de familiares ou amigos, mas também tantas outras que, com a mesma idade, estão enérgicas, com todas as faculdades activas, com vidas bem preenchidas e úteis à família e à comunidade", sublinha a carta da APRe, assinada pela presidente, Maria do Rosário Gama. "Umas e outras têm coração e têm sentimentos e não gostam nem aceitam que as ameacem de isolamento", avisa.
"O confinamento sem fim à vista não é solução, muito pelo contrário é o caminho mais curto para a demência senil ou uma sentença de morte antecipada para idosos que hoje têm autonomia", prossegue o documento. A APRe recusa "referências estigmatizantes que criem na sociedade a ideia, mais ou menos subtil, de que as pessoas mais velhas, apenas pela sua idade, não são bem vindas no espaço público e poderão constituir um fator acrescido para a expansão da pandemia"
"Não aceitamos um regime de confinamento que coloque os mais velhos isolados física e socialmente. Cidadãs e cidadãos de pleno direito, cumpriremos as medidas consideradas necessárias para conter e minorar a propagação do vírus no contacto social" e "nenhum poder democrático pode roubar a autonomia, a dignidade o direito de decisão e o prazer de viver dos seus cidadãos", remata.
Considerados grupo de risco, os cidadãos acima dos 70 anos têm durante o período do estado de emergência, um dever especial de proteção, o que significa que só podem sair de casa nos casos previstos na lei: ir às compras; ao médico ou à farmácia; ao banco, correios, ou à seguradora; ir à rua passear o cão ou para algum exercício físico, sendo que as atividades coletivas estão proibidas.