Notícia
80% das empresas de ourivesaria já estão totalmente encerradas
Um estudo da associação de ourivesaria e relojoaria mostra um setor “praticamente bloqueado” devido ao fecho das lojas e das contrastarias. Empresários pedem que regime de lay-off abranja também os sócios-gerentes.
Oito em cada dez empresas do setor da ourivesaria já encerraram totalmente a atividade na sequência do estabelecimento do estado de emergência em Portugal, sendo que quase dois terços assumem que esta medida vigora por "tempo indeterminado".
Estes dados resultam de um inquérito conduzido pela Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP), que descreve um setor "praticamente bloqueado" devido ao encerramento das lojas e das contrastarias, a única entidade com competência legal para certificação dos produtos de joalharia.
Com um volume de negócios anual a rondar os mil milhões de euros – a exportação pesa 10% do total –, o setor da ourivesaria portuguesa é composto por cerca de 4.300 empresas de pequena e média dimensão, sobretudo de cariz familiar e com o agregado a depender em grande parte ou na totalidade desta atividade.
O inquérito, em que participaram 88 empresas, mostra que 77% prevê uma quebra equivalente a mais de metade do volume de vendas devido à covid-19. Além do fecho das lojas e das contrastarias, na lista de preocupações está também o cancelamento das feiras internacionais e o "encerramento das cadeias de distribuição a montante e a jusante".
Numa nota em que aponta que muitas empresas consideram a implementação de medidas de "lay-off", despedimentos e mesmo o encerramento da atividade, a AORP diz que está a "desenhar soluções em conjunto com parceiros e com as empresas no sentido de criar plataformas digitais de promoção e negócio, encontrando oportunidades entre a grande ameaça".
Frisando que é "urgente prevenir danos económicos irreversíveis", o presidente desta associação, Nuno Marinho, diz que a prioridade é a reabertura das contrastarias nacionais para viabilizar as transações por via de comércio eletrónico e pede o "reforço das condições de lay-off, desonerando as empresas do custo do salário do trabalhador dispensado e permitindo a abrangência aos sócios-gerentes", que em muitos casos são os únicos trabalhadores.