Notícia
Taxa de inflação na Zona Euro recua para mínimos de 2009
A Zona Euro regista a taxa anual mais baixa desde Outubro de 2009: 0,4%. Os economistas apontam que a moeda única corre o risco de entrar em deflação: queda generalizada dos preços, numa altura em que vários responsáveis europeus continuam a afastar este cenário.
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A taxa de inflação da Zona Euro recuou de 0,5%, em Junho, para 0,4%, em Julho, o que corresponde à taxa anual mais baixa desde Outubro de 2009. A inflação na região registou uma queda de -0,1% face ao mês anterior.Em Julho do ano passado, a união monetária registava uma inflação de 1,6%.
Portugal registou a segunda taxa de inflação anual mais baixa da moeda única durante o mês de Julho, verificando mesmo uma queda de 0,7%.
Na Zona Euro, só a Grécia registou uma taxa mais baixa (-0,8%), segundo dados divulgados pelo Eurostat esta quinta-feira, 14 de Agosto.
No entanto, olhando para os 28 países da União Europeia, a Bulgária registou uma taxa mais baixa do que as duas economias da moeda única (-1,1%).
Em termos de subidas das taxas, a Áustria (1,7%), Roménia (1,5%) e Luxemburgo (1,2%) registaram os maiores avanços anuais em Julho.
Entre Junho e Julho, a inflação anual desceu em 13 estados-membros, permaneceu estável em seis e subiu em oito.
Durante o mês de Julho na Zona Euro, registaram-se descidas no preço da energia (-0,1%), comida, álcool e tabaco (-0,3%). O preço dos bens industriais não energéticos manteve-se estável, enquanto o preço dos serviços subiu 1,3%.
Analisando por sub-índices, as maiores quedas tiveram lugar no preço da fruta (-0,13 pontos percentuais (pp)) e vegetais e telecomunicações (-0,11 pp). As maiores subidas ocorreram na restauração (+0,08 pp), rendas (+0,06 pp) e manutenção de veículos (+0,05 pp).
Já a taxa de inflação mensal registou uma quebra de 0,6% em Portugal. Na Zona Euro a inflação em cadeia foi de -0,7% em Julho, enquanto na União Europeia registou-se uma taxa de -0,5%.
Deflação ou apenas inflação baixa?
Apesar da taxa de inflação anual na Zona Euro estar em mínimos de 2009, vários responsáveis europeus rejeitam que a moeda única esteja a entrar em deflação, a queda contínua e generalizada dos preços.
Na reunião de Agosto do Banco Central Europeu (BCE), o presidente da instituição veio a público dizer que "as expectativas de inflação para a Zona Euro no médio e longo prazo continuam a estar firmemente em linha com o nosso objectivo de manter as taxas de inflação abaixo, mas perto de, 2%".
Para Mario Draghi, as injecções de liquidez na economia que vão ter lugar em Setembro e Dezembro de 400 mil milhões de euros vão contribuir para o regresso da taxa de inflação para níveis próximos de 2%.
O BCE declarou que está disposto a "usar medidas não convencionais" de estímulo monetário se a "perspectiva de médio prazo para a inflação sofrer mudanças".
Mas os argumentos de Mario Draghi não convencem tanto economistas como o governo da segunda maior economia da Zona Euro, a França. O ministro das Finanças francês, Michel Sapin, lançou hoje um apelo ao BCE para "usar todos os meios disponíveis para combater a deflação e trazer o euro para um nível mais competitivo".
A pressão para o Banco Central Europeu actuar está a crescer e os dados económicos hoje divulgados lançaram mais achas para a fogueira da discussão sobre a deflação. Tanto a economia alemã como a italiana registaram uma queda homóloga de 0,2%, enquanto a França estagnou.
Poderá o BCE de Mario Draghi mudar de ideias na próxima reunião mensal em Setembro?