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Risco de pobreza entre crianças e trabalhadores aumentou no ano passado em Portugal

Por toda a Europa os governos aprovaram medidas para atenuar o impacto da crise nos trabalhadores. Mas em Portugal, ainda assim, o risco de pobreza de quem está em idade ativa aumentou.

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Em Portugal, a população em risco de pobreza aumentou nas faixas etárias até aos 65 anos em 2020, ano marcado pela pandemia de covid-19. A conclusão resulta das estatísticas experimentais do Eurostat, publicadas esta segunda-feira, 5 de julho, que mostram como as medidas adotadas pelos governos para amparar as famílias durante a crise atenuaram os seus efeitos, mas não na totalidade.

"No que diz respeito à população em idade ativa (18-64 anos), a taxa de risco de pobreza mostra um aumento moderado para cerca de metade dos Estados-membros, que é significativo em Portugal, Grécia, Espanha, Irlanda, Eslovénia, Áustria e Suécia", lê-se no artigo publicado pelo Eurostat.



Como os dados são ainda provisórios, o organismo de estatística publica apenas intervalos de variação esperada, fazendo uma apreciação qualitativa sobre o que deverá ter acontecido. No caso português, esse intervalo varia entre uma redução de cerca de 0,5% na taxa de pobreza, na melhor das hipóteses, e um aumento de cerca de 1%, no caso mais grave, pelo que o Eurostat conclui que nesta faixa etária o risco de pobreza terá subido, face a 2019.

Olhando para a população até aos 18 anos, a conclusão para Portugal é semelhante, com a probabilidade de uma degradação das condições de vida a marcar a leitura dos números. O intervalo de variação para esta faixa etária vai de uma estabilização, a um aumento de cerca de 2%.



Ainda assim, no conjunto da população em Portugal o risco de pobreza deverá ter estabilizado em 2020. Isto acontece porque no caso da população idosa é estimada uma redução desta taxa, em torno dos 2%.

Na média da União Europeia, a taxa de risco de pobreza manteve-se inalterada, mas o artigo do Eurostat reconhece uma forte heterogeneidade nos dados, seja entre países, seja entre os diferentes segmentos da população. Na média dos Estados-membros, sobressai uma redução da taxa de risco de pobreza entre a população acima dos 65 anos, menos afetada pelos impactos da crise no emprego.

Medidas de apoio atenuam impacto da crise

Os dados do Eurostat mostram ainda que as medidas de apoio adotadas pela generalidade dos Estados-membros ao longo do ano passado conseguiram, de facto, atenuar o impacto da crise nos rendimentos da população. Esse efeito de correção foi maior nas populações mais pobres, que também sofreram uma perda de rendimentos do trabalho superior.

"Estimamos que a perda de rendimento no emprego mediano se tenha situado em torno de 7,2% a nível da União Europeia, devido sobretudo a um aumento sem precedentes do número de trabalhadores fora do seu trabalho ou com horas reduzidas", conclui o Eurostat, frisando que estas perdas são distribuídas de forma bastante desigual entre os países e também entre os diferentes segmentos da população.

Porém, os dados "também mostram que as perdas nos rendimentos são aliviadas, em grande medida, pelos benefícios e impostos, em particular, os mecanismos de apoio ao emprego implementados pelos governos nacionais para enfrentar os desafios económicos fruto da covid-19", acrescentam os peritos.

No caso de Portugal, não se identifica uma quebra muito significativa nos rendimentos do emprego, por comparação com os outros países. Ainda assim, esta perda poderá ter atingido os 5%, tendo depois sido minorada para cerca de 2,5% através das medidas de apoio adotadas pelo governo.



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