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OCDE revê em baixa PIB português para este ano e ainda mais para o próximo ano
Ao invés dos 5,8% previsto para este ano, a OCDE reviu em baixa as projeções de crescimento de Portugal para 5,4% e 1,7% no próximo. Projeções são mais otimistas do que as do Governo e do Banco de Portugal, aproximando-se das de Bruxelas.
A OCDE justifica a revisão em baixa com o facto de "o ritmo da retoma económica está a diminuir, com a incerteza elevada, o aumento dos preços das matérias-primas e da energia, e redução dos salários reais", apesar de "o forte crescimento do consumo privado e a recuperação do turismo" terem apoiado o crescimento do PIB no início de 2022.
A organização sediada em Paris diz ainda que "os fortes aumentos nos custos de produção afetaram negativamente o sentimento na construção e na indústria" e, "embora Portugal tenha poucos vínculos comerciais diretos com a Rússia e a Ucrânia, a guerra está a perpetuar os aumentos dos preços da energia e dos alimentos, aumentando a incerteza e pesando sobre a retoma económica".
Nas previsões económicas divulgadas em dezembro, ainda antes da guerra na Ucrânia e da escalada da inflação dar sinais na Europa, a OCDE previa um "crescimento robusto" do PIB português de 5,8% para este ano, "fomentado pela procura doméstica" e "acelerado pela absorção de fundos da União Europeia".
Menos otimista do que o Governo e Banco de Portugal
Os 5,4% de crescimento económico previstos para este ano pela OCDE estão acima das previsões de 4,9% do Governo, divulgadas em abril e que estão em linha com as do Banco de Portugal. A previsão fica ainda acima dos 4,8% do Conselho das Finanças Públicas e dos 4% do Fundo Monetário Internacional (FMI), conhecidos ambos em março.
As estimativas da OCDE para o PIB deste ano ficam, no entanto, abaixo dos 5,8% projetados pela Comissão Europeia, sendo esta a previsão económica das recente (de maio).
Já as previsões de crescimento da OCDE para 2023 são as mais pessimistas entre as diferentes instituições económicas, no que toca a Portugal. Acima dos 1,7% da OCDE, o FMI prevê 2,1%, o Conselho de Finanças Públicas aponta para 2,8%, o Banco de Portugal para 2,9% e, mais recentemente, a Comissão Europeia para uma retoma de 2,7%.
"Após uma forte recuperação em 2021", a OCDE antecipa ainda que o PIB da zona euro cresça "2,6% em 2022 e 1,6% em 2023". A organização liderada por Mathias Cormann defende que o crescimento nos países da moeda única será "amortecido significativamente no primeiro semestre de 2022 pela guerra na Ucrânia e os confinamentos na China".