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OCDE está mais otimista sobre Portugal e estima queda de 8,4% do PIB em 2020
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou o mais recente Economic Outlook em que apresenta uma projeção mais otimista para a economia portuguesa. Em vez da contração do PIB português de 9,4% em 2020 prevista em junho, agora estima uma quebra de 8,4%.
A economia portuguesa poderá ter um desempenho menos mau do que anteriormente previsto no ano de 2020. É essa a previsão da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), que no Economic Outlook hoje divulgado revê em alta a projeção para o produto interno bruto (PIB) português.
Em junho, a OCDE antecipava uma contração de 9,4% para a economia portuguesa em 2020 e agora projeta uma quebra de 8,4%. A estimativa agora feita pela instituição surge em linha com as previsões do Governo que apontam para uma queda de 8,5%.
Se as previsões da OCDE e do Governo estão em linha no que diz respeito a 2020, para o próximo ano divergem bastante, com a OCDE mais pessimista e a antecipar uma recuperação económica moderada em 2021 mediante um crescimento de apenas 1,7% do produto. Já o Executivo aponta a uma taxa de crescimento de 5,4%, sendo que ainda em junho a Organização acreditava que no próximo ano a economia portuguesa crescesse 6,3%. Mesmo para 2022 a OCDE não se mostra muito mais otimista ao estimar um crescimento de 1,9% do PIB.
O relatório da OCDE também não augura uma evolução favorável para as contas públicas e estima que o défice orçamental em 2020 atinja 6,3% do produto. Este valor surge também muito acima do défice de 4,3% previsto no Orçamento do Estado para 2021 e que deverá ser maior devido às diversas medidas aprovadas em sede de especialidade, ainda que o ministro das Finanças, João Leão, garante que o défice não subirá acima dos 5%.
Também ao nível da evolução da dívida pública a instituição liderada por Angel Gurría está mais pessimista do que o Governo português. Enquanto a OCDE vê o endividamento crescer para 139,7% do PIB em 2021, o Executivo definiu como objetivo uma meta de 130,9%.
A OCDE refere que a "elevada incerteza sobre a evolução da pandemia e o elevado peso do turismo no PIB" são fatores que penalizam a capacidade de recuperação económica de Portugal e que não serão superados antes de haver vacinas no mercado. A instituição internacional alerta ainda para uma recuperação mais "lenta" do setor do turismo do que havia sido antecipado e avisa que um crescimento económico débil poderá "agravar os efeitos secundário no setor financeiro através do aumento significativo do crédito malparado".
Já uma rápida e eficaz "absorção" dos meios financeiros que serão colocados à disposição do país no âmbito da chamada bazuca europeia poderá melhorar o cenário que a entidade prevê para a economia nacional.
Seja como for, a OCDE considera que a consolidação das contas públicas não deve ser a prioridade nesta fase, até para não colocar em causa ou fragilizar a capacidade de retoma da economia portuguesa. Como tal, defende que o "regresso à prudência orçamental deve acontecer apenas depois de a retoma estar efetivamente em curso".
Desemprego deve aumentar em 2021
Também pessimista é a perspetiva da OCDE sobre a evolução da taxa de desemprego durante o próximo ano. A instituição prevê que a taxa de desemprego se fixe em 7,3% no final deste ano para atingir os 9,5% em 2021 e os 8,2% em 2022. Isto significa que, mesmo em 2022, o desemprego em Portugal estará acima dos níveis observados antes da crise pandémica.
De modo a combater a tendência que prevê para o desemprego, a OCDE admite que trabalhadores do setor do turismo tenham de encontrar alternativas em setores com maior procura.
Zona Euro cai 7,5% em 2020
Para o conjunto do espaço da moeda única, a OCDE antevê uma contração de 7,5% neste ano, isto depois de uma queda da economia próxima de 3% no quarto trimestre. A Zona Euro deve iniciar a retoma com crescimentos de 3,6% e de 3,3% em 2021 e 2022, respetivamente.
Entre os pesos pesados do euro, as economias de França e Itália devem encolher 9,1% em 2020, contudo o produto francês deverá recuperar mais rapidamente do que o italiano. A OCDE antecipa que a economia francesa cresça 6% em 2021 e 3,3% em 2022, enquanto o PIB transalpino deverá avançar 4,3% no próximo ano e 3,2% em 2022. Também a economia alemã deverá contrair 5,5% no presente ano para assegurar crescimentos de 2,8% em 2021 e de 3,3% em 2022.
Em qualquer circunstância, as estimativas da OCDE indicam que a recuperação da quebra económica em 2020 levará pelo menos dois anos a ser concretizada.
Já a economia global deverá cair 4,2% em 2020 para registar um crescimento de igual dimensão no ano que vem. O conjunto das economias mundiais deverá depois expandir-se 3,7% em 2022.
(Notícia atualizada)