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Inflação na Alemanha abranda para 9,2% em janeiro

Dias depois do previsto, o gabinete de estatísticas alemão divulgou a inflação do país em janeiro: preços, medidos pelo IHPC (que é o indicador usado pelo Eurostat e pelo BCE), subiram 9,2% em termos homólogos, menos do que em dezembro. Número deve levar Eurostat a rever em alta estimativa da Zona Euro, mas tendência de abrandamento da subida de preços mantém-se, dizem analistas.

A Alemanha é o país da União Europeia que mais gás natural consome e será o mais afetado neste inverno, o primeiro sem o fornecimento de gás russo via gasoduto NordStream1.
Fabrizio Bensch/Reuters
09 de Fevereiro de 2023 às 11:10
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A inflação na Alemanha, medida pela variação homóloga do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), abrandou para 9,2% em janeiro, depois de ter sido de 9,6% em dezembro, divulgou nesta quinta-feira, 9 de fevereiro o Destatis, o instituto de estatística alemão.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, sensivelmente uma semana depois do previsto, por motivos técnicos. Mas mostram um abrandamento da subida de preços na Alemanha, tal como aconteceu na maioria dos países da União Europeia para os quais o Eurostat já tem dados. 

Em relação a dezembro, os preços - também medidos pelo IHPC, que é usado nas comparações europeias e pelas instituições internacionais - praticamente estagnaram, ao crescer apenas 0,5%. 

No entanto, quando se analisa o Índice de Preços no Consumidor (IPC) a conclusão é ligeiramente diferente: a inflação alemã, medida pelo indicador nacional, que tem ponderadores diferentes, acelerou ligeiramente, de 8,6% em dezembro para 8,7% em janeiro em termos homólogos. Já comparando com o mês anterior, os preços cresceram 1%. 

O Destatis explica que o atraso se deveu a revisões nas estatísticas dos preços no consumidor que exigiram "ajustamentos significativos no processo tecnológico" e que "um problema técnico inesperado" surgiu do processamento dos dados. Por isso, alguns analistas, como Carsten Brzeski, do banco holandês ING, admite que "essa subida/descida simultânea tenha a ver com mudanças na série".

A estimativa rápida da inflação na Alemanha é normalmente acompanhada por uma decomposição do IPC por categoria e estado, mas esses dados não foram disponibilizados desta vez, que o gabinete de estatísticas diz ser normal quando há mudanças de base na série. Por isso, não é possível saber o que aconteceu às componentes de preços (energia, por exemplo), nem o que aconteceu com a inflação subjacente (que retira do cálculo os bens energéticos e alimentares, e que por isso é considerada menos volátil). 

Eurostat deve rever inflação da Zona Euro em alta

Perante os dados divulgados nesta quinta-feira, os analistas admitem que o Eurostat reveja em alta a sua estimativa de inflação da Zona Euro, ao incluir os preços da Alemanha. Recorde-se que na semana passada o gabinete de estatísticas europeu divulgou a sua primeira estimativa da subida de preços entre os países da moeda única, concluindo que tinha abrandado para 8,5% em janeiro, face aos 9,2% registados em dezembro. 

"A redução da taxa de variação do IHPC alemão não foi tão acentuada como a implícita da Zona Euro", escreve Franziska Palmas, da Capital Economics. Por isso, acredita que é praticamente certo que o Eurostat reveja a sua primeira estimativa em alta. "Com os dados de hoje, é provável que a estimativa inicial seja revista", acrescenta Carsten Brzeski.

Mesmo assim, a tendência de descida da inflação na Zona Euro não se deve alterar, frisam os dois analistas, que destacam, por isso, também a tendência de queda da taxa de variação do IHPC alemão (embora menos do que o previsto).

"A inflação geral da Alemanha parece ter atingido o seu pico", afirma o economista do ING. "A não ser que haja um novo disparar dos preços de energia, a inflação a dois dígitos deve ser uma coisa do passado", acrescentou Brzeski. No entanto, acrescenta que o caminho para uma inflação mais baixa e sustentável "não será fácil". 

"Por enquanto, são os preços de energia mais baixos, bem como as intervenções do governo que estão a pressionar para baixo a inflação global. Não é um processo desinflacionário mais amplo", considera Brzeski. 

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