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CFP diz que PIB não vai além dos 2,2% este ano e abranda para 1,6% em 2024

Conselho de Finanças Públicas está mais otimista sobre o crescimento deste ano, mas continua a prever um forte abrandamento da atividade económica face a 2022. Abrandamento do consumo privado e das exportações explicam desaceleração. Inflação, medida pelo IHPC, foi revista em baixa para 5,2% este ano.

Nazaré da Costa Cabral apresentou as perspetivas do CFP até 2027. Para este ano, prevê menos défice, mas menos crescimento e mais inflação.
Tiago Petinga/Lusa
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O Conselho de Finanças Públicas (CFP) reviu esta quinta-feira em alta as perspetivas de crescimento da economia portuguesa para este ano. Em vez dos 1,2% avançados inicialmente, o CFP prevê agora que a atividade económica cresça 2,2% em termos reais. Mas está mais pessimista em relação a 2024, antevendo um abrandamento do crescimento para 1,6%.

"Com base na informação disponível, o CFP projeta um crescimento do produto interno bruto (PIB) em volume de 2,2% para 2023 e um abrandamento para 1,6% em 2024, seguido de uma recuperação gradual para 2,0% até ao final do horizonte temporal da projeção", lê-se no relatório com as perspetivas económicas e orçamentais do CFP para 2023-2027, num cenário de políticas invariantes, ou seja, excluindo medidas que foram anunciadas mas que não foram legisladas ou quantificadas. 

A desaceleração na atividade económica é explicada "pela expectativa de um abrandamento do consumo privado, penalizado pelo aumento das taxas de juro diretoras do BCE e pela inflação, bem como pela desaceleração nas exportações, em linha com a expectativa de arrefecimento dos principais mercados das exportações portuguesas". 

Por outro lado, a aceleração do investimento, "impulsionada pela expectativa de uma maior execução dos fundos comunitários associados ao PRR e ao PT2030", deverá contribuir para que o abrandamento do crescimento não seja maior.



Face às previsões macroeconómicas divulgadas em março, a entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral continua a prever um abrandamento da atividade económica, depois de o PIB real ter crescido 6,7% em 2022. A economia deverá, no entanto, travar 4,5 pontos percentuais para 2,2% este ano, menos um ponto percentual do que antevia a CFP em março.

O CFP explica essa revisão em alta com a evolução da economia no primeiro e segundo trimestres deste ano, "uma vez que se observou um desempenho melhor do que o antecipado no crescimento do consumo privado e das exportações em termos reais", apesar do investimento ter tido até março "uma evolução abaixo do projetado", "penalizada pelo agravamento das condições de financiamento, uma maior incerteza relativamente à procura interna e externa e uma execução do PRR abaixo do esperado".

Os 2,2% previstos pelo CFP são uma previsão mais otimista do que a do Governo, que inscreveu no Programa de Estabilidade a previsão de um crescimento de 1,8% este ano. São, porém, menos otimistas do que os 2,7% de crescimento que o ministro das Finanças, Fernando Medina, chegou a admitir em julho, à saída de uma reunião do Ecofin, em Bruxelas.

A previsão do CFP para este ano é ainda ligeiramente inferior aos 2,4% estimados pela Comissão Europeia em abril e aos 2,5% avançados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). É ainda menos otimista do que a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que aponta para 2,6%, e do que a do Banco de Portugal (BdP), que antecipa que o PIB português se expanda 2,7%.

Crescimento abaixo dos 2% até 2027 e revisão em baixa da inflação
Por outro lado, o CFP reviu em baixa as previsões para 2024, apontando para uma nova desaceleração do PIB português mas mais acentuada do que previa. Em março, antecipava que o PIB português deveria expandir-se em 1,8% no próximo ano, mas agora antecipa que esse crescimento não deverá ir além dos 1,6%.

Aliás, depois deste ano, as projeções do CFP apontam para que o ritmo de crescimento do PIB real recupere gradualmente, mas sem conseguir ultrapassar os 2%. As previsões de médio prazo apontam para que essa meta só seja atingida em 2027, beneficiando de uma "estabilização do contributo da procura interna" ao mesmo tempo que se mantém "um contributo marginalmente negativo das exportações líquidas". 

Sobre a inflação, o CFP diz que, "não obstante ainda subsistirem pressões inflacionistas relevantes em 2023, observa-se uma redução dos preços das matérias-primas, em especial dos produtos energéticos, nos mercados internacionais".

Face a isso, reviu em baixa a projeções até 2027 para o ritmo de crescimento do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), que difere do índice de preços no consumidor (IPC) divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) por considerar na sua estrutura de ponderação toda a despesa monetária realizada em Portugal, incluindo turistas, o que faz com que o preços dos hotéis e restaurantes tenha um peso maior no cabaz considerado.

Para 2023, o CFP aponta para a inflação média anual medida pelo IHPC se fixe em 5,2%, menos 0,7 pontos percentuais face ao que tinha avançado em março. Também a previsão para o próximo ano foi revista em baixa para 2,8% (menos 0,3 pontos percentuais face a março) e o CFP estima que Portugal regressa à meta dos 2% em 2026.



O CFP continua ainda a prever um mercado de trabalho resiliente, prevendo um aumento do emprego de 1,2% este ano, enquanto a taxa de desemprego se deverá fixar em 6,4% da população ativa. Foram ainda revistas em alta as perspectivas para a evolução das remunerações médias por trabalhador para 8,5%, "um valor acima da produtividade aparente do trabalho e da taxa de inflação".

"Nos anos seguintes, o ritmo de criação de emprego deverá convergir para uma taxa nula e a taxa de desemprego deverá diminuir até 6,0%, refletindo os constrangimentos demográficos assumidos", nota.
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