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Centeno pede às empresas que passem ao consumidor descida de preços

Com os preços das matérias-primas a recuarem nos mercados internacionais, o governador do Banco de Portugal pede que as empresas comecem a refletir esse efeito nos preços do consumidor. O risco é ter de aumentar taxas de juro muito além do necessário.

António Pedro Santos / Lusa
16 de Junho de 2023 às 14:06
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O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, apelou às empresas que passem para o consumidor a descida de preços que já se verifica, desde o final do ano passado, nas matérias-primeiras nos mercados internacionais. O risco é continuar a agravar as taxas de juro, admitiu. 


"É preciso garantir o mais possível uma simetria na transmissão aos preços no consumidor", afirmou Mário Centeno, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico, que ocorreu esta sexta-feira.


Para o governador, depois da fase alta da inflação, em que as empresas passaram aos consumidores, no preço final, o choque inicial dos constrangimentos das cadeias de abastecimento e da subida de preços das matérias-primas (sobretudo energia), é agora tempo de "reverter esse choque inicial".


"Os mercados de bens e serviços têm a obrigação de refletir a descida de preços nos mercados internacionais", defendeu.


O ex-ministro das Finanças admite que isso depende de setor para setor e de produto para produto, mas sublinha que "há produtos vendidos hoje que foram produzidos já com inputs comprados na fase baixa de preços nos mercados". 


Embora exista uma "grande variabilidade" na transmissão ao consumidor da reversão dos preços das matérias-primas nos mercados internacionais, Mário Centeno considerou que "não há nenhuma razão" para que isso não aconteça.


O governador alertou então para o risco de não o fazer. "Se falharmos nesta transmissão vamos colocar pressão adicional sobre a política monetária e vamos quase ser obrigados a prolongar o período de aumento das taxas de juro", defendeu. 


"E para que, na verdade, possamos voltar a interpretar o choque como temporário", frisou. Ou seja, para que a subida de preços não se torne persistente, mas volte a ser corrigida, depois de um "mau funcionamento dos mercados".


Centeno defende previsibilidade nas taxas de juro


Na conferência de imprensa, o governador do BdP foi questionado sobre qual é a sua expectativa para a evolução das taxas de juro nas próximas reuniões do Banco Central Europeu (BCE).


Sobre o tema, Mário Centeno recusou dar uma resposta direta. "No BCE decide-se reunião a reunião é baseada em dados. Quem decide está quase obrigado a fazê-lo", defendeu.

E insistiu num "desejo de previsibilidade" depois do verão que, considerou, "é um desígnio coletivo". Mas não quis dar mais detalhes sobre o que, de facto, isso significa.

Embora a maioria dos analistas continue a esperar que o BCE interrompa a subida das taxas de juro depois do aumento de julho, prometido ontem por Christine Lagarde, os mercados estão a assumir outra subida depois disso. 

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