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Católica aponta para crescimento nulo em Portugal e recessão no euro no segundo trimestre
Economistas da Católica antecipam que a economia portuguesa tenha estagnado entre abril e junho deste ano, em termos trimestrais. Eventual contração em cadeia é "bastante verosímil", mas "não será motivo de preocupação", indicam. Já a Zona Euro deverá ter contraído 0,5% em cadeia, prolongando a recessão em que entrou no trimestre anterior.
"Ponderando os vários indicadores disponíveis, o NECEP [Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa] estima que a economia portuguesa tenha estagnado (0,0%) no segundo trimestre, permanecendo num nível equivalente a 104.4% do referente ao quarto trimestre de 2019, o último período normal antes da pandemia. Este cenário central corresponde a um crescimento homólogo de 2,3%", indica a Católica, na folha trimestral de conjuntura.
"Uma eventual contração em cadeia é bastante verosímil e não será motivo de preocupação se for relativamente pequena", sublinham os economistas da Católica.
Já a Zona Euro "deverá ter contraído 0,5% em cadeia, correspondendo a uma queda de 0,3% em termos homólogos, após a ligeira contração (-0,1%) no primeiro trimestre do ano, bem como no quarto trimestre de 2022". Ou seja, depois de ter entrado em recessão técnica nos primeiros três meses do ano, o euro está agora numa recessão mais prolongada.
Em Portugal, a inflação média do segundo trimestre terá sido de 4.4%, segundo a Católica. Face a isso, os economistas do NECEP reviram em baixa as projeções sobre a inflação anual deste ano, para 5,1% em 2023, "mais precisamente num intervalo entre 4,1 e 6,1%", devido a "uma descida relativamente rápida no segundo trimestre", apesar de "persistam sinais de que o fenómeno não está controlado".
Crescimento do PIB deste ano revisto em alta
Os economistas da Católica reviram também em alta a estimativa de crescimento da economia portuguesa para este ano. O ponto central da estimativa aponta para um crescimento do produto interno bruto (PIB) de 2,4% em 2023, "embora com um intervalo amplo de 1,8% a 3%", que reflete, "acima de tudo, o efeito mecânico da surpresa positiva do primeiro trimestre".
"O crescimento tendencial da economia continua frágil e poderá haver até correções técnicas que deem origem a contrações em cadeia. A segunda metade do ano pode afigurar-se mais adversa fruto das diversas pressões sobre a conjuntura económica: inflação elevada e taxas de juro crescentes, a que se junta agora um provável agravamento da disponibilidade de crédito fruto da maior turbulência no sistema financeiro. O consumo privado e o investimento parecem continuar com uma dinâmica frágil e contingente", explicam.
Por outro lado, a economia da Zona Euro deverá ter "um comportamento um pouco pior, com o ponto central do crescimento do PIB em 0,1% e um intervalo compreendido entre uma contração de 0,5 e um crescimento de 0,7%" este ano.
"Mantém-se, assim, o risco de uma recessão suave que parece agora o cenário mais provável, dados os desenvolvimentos recentes das economias alemã e francesa. As dificuldades do sistema financeiro são um risco novo que altera a visibilidade sobre a velocidade com que o BCE [Banco Central Europeu] conseguirá domesticar a taxa de inflação sem causar danos nesse sistema", adverte o NECEP.