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Brexit com impacto limitado na Zona Euro em 2016

O Governo português tem referido o Brexit como um dos principais factores por trás do fraco crescimento deste ano, mas Bruxelas não antecipa um impacto grande na Zona Euro este ano, conclui a primeira estimativa feita pela Comissão.

Reuters
19 de Julho de 2016 às 20:06
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Em 2016, os efeitos do Brexit não deverão abalar a economia da Zona Euro. Mesmo no cenário mais severo, as contas da Comissão Europeia apontam para um desvio de apenas 0,2 pontos face ao seu cenário central.

As últimas estimativas dos técnicos de Bruxelas apontavam para um crescimento de 1,6% da economia da Zona Euro em 2016. Agora, segundo os primeiros cálculos que a Comissão faz sobre o impacto do Brexit, antecipa-se um desvio negativo de 0,1 pontos percentuais, caso os efeitos da saída sejam moderados ou -0,2 pontos caso sejam severos. Nada propriamente trágico.

 

Para 2017, as estimativas são mais pessimistas. A previsão central da Comissão Europeia – 1,8% - pode desviar-se entre 0,2 pontos (moderado) e 0,5 pontos (severo).

 

Recorde-se que o Governo tem referido o choque do Brexit como um dos principais motivos para Portugal crescer mais devagar este ano. "Terá impacto na economia portuguesa, não tenhamos dúvidas disso", afirmou Mário Centeno no final de Junho. "Os cenários para este ano e a sua revisão têm mais que ver com o facto de o Governo ter divulgado cenários para a economia com uma variável, que tem muito que ver com o "Brexit" e que provavelmente vai ser revista de novo, que é procura externa. E tem havido uma sucessão de revisões que neste momento, face às nossas projecções iniciais, já têm uma dimensão significativa", adiantou ao jornal Público.

 

"Maior incerteza resultou numa deterioração das perspectivas de crescimento para o Reino Unido, mas também para o resto da UE em 2016 e 2017", pode ler-se no estudo publicado hoje pela Comissão. "Nos últimos meses, a economia da UE desenvolveu-se mais ou menos em linha com as Previsões de Primavera, isto é, a expansão da económica tem sido sustentada a um ritmo moderado, quase totalmente empurrada pelas componentes domésticas do PIB." Leia-se, consumo. "A vitória do "leave" deverá desacelerar o consumo privado, o investimento e ter impacto no comércio internacional. Considerando a análise dos cenários, o crescimento da Zona Euro deverá ser mais moderado em 2016 (até 1,5% ou 1,6%) e 2017 (1,3% a 1,5%), acrescenta a Comissão.  
 

No Reino Unido, os efeitos são bastante mais palpáveis. Bruxelas antecipa que, no mínimo, a economia britânica terá um desvio negativo de 0,3 e 0,6 pontos percentuais em 2016 e 2017, respectivamente. Na pior hipótese, os desvios podem ascender a 0,9 e 2,6 pontos nesses dois anos. Em 2017, isso significaria uma recessão no Reino Unido.

 

Em que consistem os dois cenários elaborados pela Comissão? A via moderada implica efeitos negativos no investimento em equipamento e construção. Importações mais caras levarão a preços mais elevados e a um crescimento mais lento dos salários, o que levará a menos consumo. O impacto da depreciação da libra não é tão significativo fruto da especialização do Reino Unido em serviços (menos sensíveis aos preços). Assiste-se a uma melhoria do saldo externo britânico, mas a uma deterioração das contas públicas. O resto da Europa é essencialmente afectada por um aumento da incerteza, dizem os técnicos de Bruxelas.

 

O cenário mais negativo prevê uma quebra mais forte do investimento, devido a uma maior aversão ao risco. Menos confiança também afectará o consumo. Nas contas públicas, saldo orçamental pode degradar-se 1,3 pontos, com um contágio mais negativo para a Europa. 

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