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Brexit: Exportações para o Reino Unido caíram em 2019 pela primeira vez em 10 anos
As exportações portugueses para o mercado britânico contraíram 0,6% em 2019. Esta é a primeira vez desde 2009 que as vendas para o Reino Unido diminuíram.
Num ano marcado pelo desfecho do Brexit, as vendas de bens das empresas portugueses para o Reino Unido - o quarto maior parceiro comercial de Portugal - contraíram 0,6%, o que contrasta com o crescimento de 3,6% no total das exportações. Foi a primeira vez desde 2009 que as exportações portuguesas diminuíram para o território britânico.
No destaque do comércio internacional de bens divulgado na sexta-feira, 7 de fevereiro, pelo Instituto Nacional de Estatística, é destacada a relação comercial com o Reino Unido uma vez que se concretizou a saída da União Europeia a 31 de janeiro de 2020, após um ano marcado pela incerteza e adiamentos.
Esta contração das exportações levou à redução do peso dos britânicos como destino das exportações portuguesas: corresponderam a 6,1% do total em 2019, menos do que os 6,4% registados em 2018. O principal destino continua a ser Espanha (24,9%), seguindo-se França (13%) e Alemanha (12%).
Esta redução aconteceu num ano em que a economia britânica foi afetada pela incerteza relacionada com o Brexit. Ainda não há dados fechados para 2019, mas o Banco de Inglaterra estima que o PIB tenha crescido 1,25% no conjunto do ano, tendo estagnado no quarto trimestre. Além disso, a previsão para 2020 é de um crescimento de apenas 0,75%.
Ainda que a contração das exportações para o Reino Unido seja um sinal de debilidade, é de assinalar que as vendas para o mercado britânico cresceram 73% em dez anos (entre 2008 e 2018) pelo que continuam muito acima do pré-crise.
Apenas exportações de automóveis resistiram
Entre as categorias com maior peso nas exportações para o Reino Unido, apenas as vendas de automóveis resistiram com uma subida de 21,3% em 2019.
Todas as restantes categorias viram as exportações cair: os fornecimentos industriais (a maior categoria, com um peso de 26%) baixaram 2%, as máquinas diminuíram 4,2%, o material de transporte (partes, peças e acessórios) encolheu 4,7% e os bens de consumo semi-duradouros contraíram 1,5%.
Quanto às empresas que exportaram para o Reino Unido, parece não haver uma dependência grande da maioria das exportadoras. "O número de empresas que declararam exportações para este país baixou ligeiramente (de 2.947 em 2018 para 2.848 em 2019) e apenas uma em cada cinco exportaram mais de 20% dos seus bens para este mercado", explica o INE.
Segundo os dados do gabinete de estatísticas, apenas 4% das empresas portuguesas que exportam para o Reino Unido é que têm um grau de exposição superior a 80%. Este universo correspondeu a 6% do total das exportações portuguesas para o mercado britânico em 2019.
Importações para o Reino Unido cresceram acima do total
Se as exportações caíram, o mesmo não se pode dizer das importações: as compras ao Reino Unido subiram 11,6% no ano passado, bem acima dos 6,6% que as importações cresceram na globalidade.
Contudo, o peso das importações britânicas no total é mais baixo do que o peso das exportações. "Estas importações representavam 2,6% do total em 2019, +0,1 pontos percentuais face ao ano anterior, com o Reino Unido a ocupar o 8.º lugar no ranking dos países fornecedores de bens a Portugal, tal como no ano anterior", refere o gabinete de estatísticas.