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Banco de Portugal mantém projeção de crescimento em 1,7% este ano mas revê 2020 em baixa

A economia nacional deverá crescer em linha com o seu potencial. Mas vai estar mais sustentada pela procura interna, do que pelas exportações, avisa o Banco de Portugal.

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O Banco de Portugal manteve esta quarta-feira, 12 de junho, a sua projeção de crescimento para a economia portuguesa em 1,7% este ano, um valor que fica duas décimas abaixo da expectativa do Governo. Para o próximo ano, a instituição liderada por Carlos Costa está agora ligeiramente mais pessimista, antecipando um novo abrandamento do crescimento (ligeiro, para 1,6%), em vez da manutenção do ritmo de subida do PIB.

A explicar a revisão em baixa das expectativas para o próximo ano está uma diminuição forte da procura externa, que vai ditar um crescimento abaixo do inicialmente previsto para as exportações (deverão avançar 3,1%, em vez de 3,7%).

Já do lado da procura interna, o contributo esperado manteve-se inalterado. É expectável um aumento forte do investimento este ano (8,7%) que depois deverá abrandar em 2020 e 2021. O consumo privado também deverá acelerar ligeiramente este ano (dos 2,5% de aumento registado em 2018, para 2,6% em 2019), com uma subida do rendimento disponível, abrandando depois o ritmo nos próximos dois anos.

Apesar de o Banco de Portugal esperar que o PIB português cresça acima do esperado pelo Banco Central Europeu para a Zona Euro, o movimento de convergência com os parceiros da moeda única continua a ser limitado. A instituição liderada por Carlos Costa nota que em 2021 o PIB per capita nacional deverá representar perto de 60% da média da Zona Euro, um "valor ligeiramente inferior ao observado no início da união monetária", lê-se na apresentação do documento.

Regresso ao défice comercial: é perigoso?

No boletim, o Banco de Portugal nota que o modelo de crescimento da economia nacional se alterou e que o PIB vai crescer mais sustentado pela procura interna, do que pelas exportações.

Como consequência, a balança comercial vai voltar a registar um défice já este ano (de 0,5% do PIB), depois de sete anos de excedentes. Em 2020 e em 2021 a economia portuguesa vai continuar a importar mais do que exporta, registando défices comerciais crescentes: 0,7% em 2020 e 1,1% em 2021.

O Banco de Portugal destaca mesmo a entrada da economia nacional numa nova fase, depois do momento de recuperação verificado entre 2014 e 2017. Nesse período, o contributo líquido da procura interna foi idêntico ao das exportações. Mas de 2018 até, pelo menos, 2021, deverá consolidar-se um modelo de crescimento em que é a procura interna líquida de importações que puxa mais pelo PIB.

Por si só, o défice da balança comercial não implica necessariamente o regresso a um passado de crescimento sustentado em dívida. Tudo depende do equilíbrio entre investimento e consumo na procura interna, bem como do tipo de investimento que a economia portuguesa está a fazer.

Por enquanto, o crescimento da procura interna ainda está sobretudo alicerçado num dinamismo maior do investimento, do que na subida do consumo (embora o consumo pese muito mais no PIB). Aliás, o investimento produtivo, empresarial, ultrapassará em 2019 o nível do crescimento pré-crise. No total, continuará abaixo, mas apenas devido ao investimento público e de habitação.

Ainda assim, o Banco de Portugal deixa uma mensagem de cautela. Neste momento, e até 2021, não se antecipa um aumento do crescimento potencial da economia. O saldo da balança corrente e de capital só não fica negativo porque haverá transferências da União Europeia a compensar, bem como pagamentos menores de juros. Mas o saldo é cada vez menos excedentário.

"Esta evolução exige uma atenção particular, uma vez que o endividamento externo da economia portuguesa permanece num nível muito elevado e constitui uma das suas principais vulnerabilidades latentes", avisa o Banco de Portugal.
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