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Para se cumprir Acordo do Clima, vendas de carros convencionais têm de acabar em 15 anos

As vendas de novos veículos a gasóleo e gasolina terão de acabar nos próximos 15 anos, para que se cumpram metas ambientais, indica um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) divulgado esta quarta-feira.

Bruno Simão
21 de Novembro de 2018 às 23:29
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Segundo a análise da organização, para cumprir o objectivo de descarbonizar o sector dos transportes até 2050, e atingir as metas do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, a Europa deve acabar com as vendas de novos veículos a gasolina e gasóleo no início da década de 2030.

 

A União Europeia pode mais facilmente alcançar as emissões zero no sector através da transição para veículos eléctricos e a hidrogénio, salienta o estudo "Roteiro para a descarbonização dos veículos ligeiros na Europa".

 

A T&E, uma organização ambientalista não-governamental que representa 58 entidades de 26 países, especialmente grupos ambientalistas, incluindo a associação portuguesa ZERO, diz que a solução não passa por medidas para reduzir a procura de veículos convencionais, que só iriam reduzir emissões de gases em 28%, em 2050.

 

A organização propõe por exemplo o aumento de taxas rodoviárias e impostos sobre os combustíveis, a partilha de veículos e o maior uso de transportes públicos, o que iria reduzir o transito e tornar as cidades mais habitáveis. E diz que a maior fatia em termos de redução de emissões requer uma transição para veículos de emissão-zero até 2035, o mais tardar.

 

"Os veículos com motores a combustão que ainda estejam a circular nas estradas europeias em 2050 terão de ser banidos", diz a Federação, citada num comunicado da organização ambientalista portuguesa ZERO.

 

O estudo conclui também que será "quase impossível" produzir combustíveis líquidos com baixo teor de carbono, em quantidade suficiente e de forma rentável, para abastecer todos os veículos a circular nas estradas europeias e que os biocombustíveis também não serão solução, como não serão solução os combustíveis sintéticos, que exigem "enormes quantidades" de electricidade, e nem mesmo o biometano.

 

Ainda de acordo com o estudo, para atingir as metas de redução de emissões de dióxido de carbono em 2030 era preciso que um terço dos novos veículos vendidos fossem híbridos "plug-in" (semi-eléctricos).

 

A T&E salienta ainda que na estratégia de descarbonização de longo prazo (2050), que será apresentada no dia 28, "a UE deve estabelecer a forma como irá reduzir as emissões dos transportes". 

 

Na UE o sector dos transportes é a maior fonte de emissões de gases com efeito de estufa (27% do total de emissões, com os veículos ligeiros a representarem 44% desse valor) e o único sector em que as emissões cresceram desde 1990.

 

Num comunicado, a ZERO cita ainda o secretário de Estado para a Mobilidade, José Mendes, que assumiu como objectivo que a partir de 2040 os veículos ligeiros de passageiros e comerciais sejam de emissões-zero ou baixas emissões. A ZERO diz que é demasiado tarde e defende que a transição para a frota eléctrica se faça antes de 2030.
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