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Onde param 100 mil toneladas de resíduos industriais perigosos?

Só 60% das estimadas 254 mil toneladas de resíduos perigosos que são produzidas em Portugal estão a entrar nos centros de recuperação, valorização e eliminação criados no governo de Durão Barroso.

30 de Outubro de 2015 às 09:29
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Cem mil toneladas de resíduos industriais perigosos "desaparecem" todos os anos em Portugal. Esta é, pelo menos, a diferença entre a estimada quantidade de resíduos produzida no país e o volume que está a dar entrada nos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de resíduos (CIRVER).

 

Em declarações à Antena 1, o director-geral da Ecodeal, o maior desses dois centros, denunciou que uma parte substancial pode estar a ser desclassificada para resíduos não perigosos com "a intenção de tornar mais barato o tratamento de resíduos". "É bastante perigoso", sustentou Manuel Simões, que falou na "falta de 100 mil toneladas" destes resíduos industriais.

 

Produtos químicos, tintas, vernizes, esmaltes, metais, óleos usados, solventes e muitos outros produtos inorgânicos estão incluídos na lista dos resíduos industriais perigosos, que são produzidos, entre outros, pelas indústrias extractivas, alimentares, químicas, metalúrgicas, têxteis, de cortiça e madeira.

 

O volume de resíduos industriais perigosos que estão a entrar nos CIRVER representa apenas 60% da produção nacional descrita no Estudo de Inventariação de Resíduos Industriais, uma análise elaborada em 2004 por seis universidades (Porto, Técnica de Lisboa, Nova de Lisboa, Minho, Aveiro e Algarve) e pelo Instituto Nacional de Estatística. A coordenação estava a cargo de Fernando Santana, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

 

Região de Lisboa é a mais "perigosa"

 

As 254 mil toneladas de resíduos industriais perigosos, uma estimativa que tinha 2001 como ano de referência, equivalem a 0,9% do total dos resíduos industriais produzidos em Portugal. Ou seja, a esmagadora maioria dos resíduos produzidos pelas indústrias não possuem perigosidade.

 

Ainda de acordo com o mesmo estudo, a região de Lisboa e Vale do Tejo é a grande produtora de resíduos industriais perigosos (121,8 mil toneladas), seguida do Norte do país (80 mil toneladas) e a zona Centro (46 mil). Ao invés, o Alentejo e o Algarve são as regiões que menos produzem estes resíduos.

 

Os CIRVER foram lançados durante o executivo de Durão Barroso como uma solução alternativa à co-incineração, que era defendida pelo então secretário-geral do PS, José Sócrates, que liderava a oposição e tinha tutelado Ambiente com António Guterres. O ministro com esta pasta no governo de coligação PSD/CDS, Nobre Guedes, defendeu a criação destes centros para os resíduos perigosos, em vez de os queimar em cimenteiras.

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