Notícia
Medidas contra incêndios são boas mas muito insuficientes, diz especialista
O especialista e investigador Eugénio Sequeira defendeu hoje que as medidas aprovadas pelo Governo para as florestas são "boas", mas "muito insuficientes", faltando soluções na prevenção, da redução das ignições à aposta no ordenamento e nas faixas de contenção.
23 de Outubro de 2017 às 12:54
"As medidas são boas, inteligentes, capazes, mas muito insuficientes. As questões de fundo continuam a não ser tocadas", disse à agência Lusa Eugénio Sequeira, comentando as decisões do conselho de ministros extraordinário realizado no sábado com o objectivo de tomar decisões para defender a floresta e evitar os incêndios, além da recuperação de casas e empresas ardidas nos grandes fogos deste ano.
Na lista de assuntos que considera não terem sido "tocados" pelo Governo estão a razão por que há tantas ignições e a maneira de as diminuir, mas também "como conseguir o ordenamento e as faixas de contenção de maneira que seja possível conter os fogos, atendendo às situações climáticas - que vão ser cada vez mais comuns e que "geram esta impossibilidade de [os] apagar".
O antigo presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) apontou ainda a ausência de medidas capazes de conseguir zonas de contenção antes das povoações e das zonas importantes para a biodiversidade ou visando encontrar a forma de fomentar uma agricultura e uma floresta sustentável, com as alterações climáticas.
Eugénio Sequeira também referiu a importância de avançar com decisões para o pagamento dos serviços ambientais, de modo a permitir o estabelecimento da agricultura e do ordenamento florestal, no futuro, o que "não está previsto", e para perceber "como vai ser possível arranjar uma floresta sustentável, que não arda, no tipo de propriedade que existe no norte do país".
Lembrou que, no sul do país, "o clima é pior que no norte e não ardeu, nem arde por causa do tipo de exploração" existente, e que "as celuloses não ardem porque têm explorações compatíveis com as medidas, com o ordenamento".
Devia ser dada "atenção às áreas de contenção que as celuloses têm e as espécies que têm nos seus terrenos", defendeu o especialista, explicando que nas propriedades das empresas de celulose existe pinheiro, mas pouco, carvalho, freixo, choupo e zonas abertas de pastagem.
Resultado desta gestão do terreno e das espécies, "as áreas das florestas [daquelas empresas] arderam 3% a 4%, enquanto as áreas de eucalipto fora das celuloses arderam quase 50%", realçou.
No sábado, o Governo anunciou a disponibilização de uma verba total "entre 300 e 400 milhões de euros" para a recuperação das habitações e infraestruturas de empresas e autarquias, o apoio ao emprego e ao sector agrícola e florestal.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em Junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
Na lista de assuntos que considera não terem sido "tocados" pelo Governo estão a razão por que há tantas ignições e a maneira de as diminuir, mas também "como conseguir o ordenamento e as faixas de contenção de maneira que seja possível conter os fogos, atendendo às situações climáticas - que vão ser cada vez mais comuns e que "geram esta impossibilidade de [os] apagar".
Eugénio Sequeira também referiu a importância de avançar com decisões para o pagamento dos serviços ambientais, de modo a permitir o estabelecimento da agricultura e do ordenamento florestal, no futuro, o que "não está previsto", e para perceber "como vai ser possível arranjar uma floresta sustentável, que não arda, no tipo de propriedade que existe no norte do país".
Lembrou que, no sul do país, "o clima é pior que no norte e não ardeu, nem arde por causa do tipo de exploração" existente, e que "as celuloses não ardem porque têm explorações compatíveis com as medidas, com o ordenamento".
Devia ser dada "atenção às áreas de contenção que as celuloses têm e as espécies que têm nos seus terrenos", defendeu o especialista, explicando que nas propriedades das empresas de celulose existe pinheiro, mas pouco, carvalho, freixo, choupo e zonas abertas de pastagem.
Resultado desta gestão do terreno e das espécies, "as áreas das florestas [daquelas empresas] arderam 3% a 4%, enquanto as áreas de eucalipto fora das celuloses arderam quase 50%", realçou.
No sábado, o Governo anunciou a disponibilização de uma verba total "entre 300 e 400 milhões de euros" para a recuperação das habitações e infraestruturas de empresas e autarquias, o apoio ao emprego e ao sector agrícola e florestal.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em Junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.