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Portas: "Algumas coisas mudarão para melhor"
O fim do programa de ajustamento foi assinalado pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas, mas enquanto líder do CDS-PP. Falou da humilhação dos últimos três anos, mas garantiu que já há algumas coisas que podem mudar.
O relógio "controverso" da Juventude Popular, na sede do CDS-PP, que marcava a contagem decrescente para a saída da troika apareceu este sábado, 17 de Maio, a zeros. Paulo Portas, enquanto líder do CDS-PP, não deixou de marcar essa situação.
E, em plena campanha para as eleições europeias, Paulo Portas criticou os dirigentes políticos que só pensam nas eleições, mas acabou por falar das mudanças positivas que agora poderão ser concretizadas.
"A partir deste dia Portugal não estará obrigado a negociar as suas leis com credores estrangeiros", salientou Paulo Portas, para, de seguida, falar em medidas que já se podem tomar com o fim da "excepcionalidade", ainda que "17 Maio não permite o regresso à irresponsabilidade".
Mas, salientou, "significa o fim da excepcionalidade". O que significa que "com os pés assentes na terra, respeitando a prudência orçamental, algumas coisas, passo a passo, mudarão para melhor".
Paulo Portas deu como exemplos das mudanças "para melhor", medidas centradas nos rendimentos: dos funcionários públicos, dos pensionistas e de quem ganha o ordenado mínimo. Não houve qualquer palavra para os impostos.
Para os funcionários públicos, que "tiveram os salários congelados", nas palavras de Paulo Portas, a maioria já disse que "daria lugar a uma política de recuperação progressiva dos salários". Por outro lado, acrescentou, "a maioria pôde dizer, em relação aos aposentados e pensionistas, que terão uma recuperação substancial do valor das suas pensões sobretudo as que estavam atingidas pela CES (contribuição extraordinária de solidariedade); e a maioria pôde propor, em sede de Concertação Social, que se começasse o debate sobre a política de rendimentos, produtividade e actualização do salário mínimo nacional".
"Repito: não se pode voltar a políticas irresponsáveis que causaram este sofrimento. Também não se pode continuar a viver em excepcionalidade. Com os pés assentes na terra iremos para melhor, tanto no quadro dos aposentados, como nos trabalhadores de mais baixos rendimentos, como nos funcionários públicos". E, por isso, Paulo Portas diz querer "sublinhar essa diferença que alguns parecem ignorar".
Apesar de falar em humilhação pela perda de autonomia de Portugal durante estes três anos, Paulo Portas não deixou, no entanto, o que retirou de lição dos três anos de troika: "é uma pena que certas reformas importantes para termos uma economia mais flexivel, empresas mais competitivas e capacidade de gerar oportunidades tenham acontecido não por decisão soberana mas por imposição externa de um contrato feito com entidades credoras".