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Santos Pereira defende consenso político no pós-troika entre PS e PSD
O ex-ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, defendeu hoje que Portugal vai precisar de um novo acordo de concertação social após a saída da troika, bem como de um consenso político entre o PS e o PSD.
"O Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) não teria sucesso se não houvesse um acordo de concertação social [assinado em Janeiro de 2012, sem o acordo da CGTP]. Esse acordo foi fundamental. Acredito que Portugal vai precisar de um novo acordo de concertação social no pós-troika e de um acordo de concertação política", afirmou o antigo ministro, na apresentação do livro "Este país não é para jovens", em Lisboa.
Santos Pereira advogou que "nos próximos anos, Portugal tem de se entender, em particular o PS e o PSD", em matérias tão importantes como a Segurança Social.
"Para além das pressões da própria Segurança Social, temos uma natalidade baixíssima e uma emigração como não tivemos nos anos 1960 em Portugal e isto representa um perigo para a sustentabilidade do sistema", afirmou.
Nesse sentido, é necessário "um pacto político, como defendeu o Presidente da República, uma concertação política no pós-troika e não há acordo mais premente que um acordo de concertação social sobre a Segurança Social", reforçou o ex-ministro da Economia e do Emprego.
No âmbito da Reforma do Estado, Santos Pereira não poupou críticas aos aparelhos partidários e defendeu a profissionalização da Administração Pública.
"Se queremos ter uma Função Pública digna, é fundamental que haja uma profissionalização dos cargos dirigentes na Administração Pública", afirmou, acrescentando que "não podem ser os partidos políticos, os aparelhos partidários, a nomear alguém que passa à frente dos que são realmente qualificados".
O antigo ministro do actual Governo de Pedro Passos Coelho, entretanto substituído no cargo por Pires de Lima, criticou a existência de "muitas empresas que estavam encostadas ao Estado" até à tomada de posse do actual executivo e que tentou combater na qualidade de ministro da Economia.
"Reitero: comigo no Ministério da Economia, mesmo que o país não estivesse em crise, não havia subsidiodependência. Uma política de mão estendida, encostada ao Estado à espera do subsidiosinho dá sempre mau resultado", asseverou Santos Pereira.
Defendeu igualmente a importância das privatizações em Portugal que permitiram terminar com os monopólios do Estado.
No entanto, disse, permitiram a criação de monopólios privados e de rendas elevadas, como é o caso da energia, e que tentou combater enquanto ministro da tutela.
"Ao criar monopólios privados não se acautelou o interesse nacional porque não se criaram reguladores totalmente independentes", assinalou Santos Pereira, lembrando que foi "o primeiro a ter coragem para acabar com as rendas do sector energético".