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Governo: Portugal "mais próximo" de pagar antecipadamente ao FMI
Isabel Castelo Branco, secretária de Estado do Tesouro, defende, em entrevista ao Diário Económico, que o sucesso das emissões de dívida de longo prazo facilita o pagamento antecipado ao Fundo, mas que decisão não está tomada.
O sucesso das emissões de longo prazo desta semana em maturidades a 10 e 30 anos coloca Portugal mais próximo de seguir as pisadas da Irlanda e de pagar antecipadamente o empréstimo contraído junto do FMI. Esta é pelo menos a convicção de Isabel Castelo Branco, secretária de Estado do Tesouro que, em entrevista ao Económico, diz que com emissões de longo prazo a taxas de juro baixas, como as que aconteceram na terça-feira, o País "fica mais próximo" e com um processo "mais facilitado" para pagar antecipadamente o empréstimo.
Portugal deve ao FMI 26,5 mil milhões de euros, emprestados em várias tranches, com uma maturidade média de 7,25 anos, e uma taxa de juro de 3,7%. Esta semana Portugal emitiu 3,5 mil milhões de euros a 10 anos com uma taxa de juro de 2,9% e dois mil milhões a 30 anos, com uma taxa de 4,13%.
A responsável reconhece que "a situação da Irlanda é um bocado diferente da nossa pois a taxa que pagavam ao FMI era mais alta, devido à data em que contraíram o empréstimo. E a taxa de financiamento da Irlanda no mercado é mais baixa". No entanto acrescenta que "no caso português, o ganho também existe não sendo substancial".
Isabel Castelo Branco acrescenta que o facto da Irlanda o ter feito "cria a expectativa" que Portugal também pague antecipadamente, mas frisa que "o processo não é imediato" e que "não está tomada uma decisão sobre essa matéria". Em parte porque alguns dos contratos de empréstimo assinados com os parceiros europeus, que prevêem o envolvimento do FMI, precisam de aprovação parlamentar nacional para serem alterados.
Esta semana Klaus Regling, o responsável pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, o fundo da Zona Euro que financia outro terço do empréstimo da troika, considerou ser prematuro Portugal avançar com um reembolso antecipado ao FMI.
Ao Negócios, Christian Schulz, economista sénior do Berenberg, admitiu que "reembolsar antecipadamente ao FMI seria um forte sinal político", mas "utilizar o montante angariado com a emissão a 30 anos é outra questão".