Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

FT: Juízes do Constitucional ameaçam lançar Portugal num segundo resgate

“O Constitucional é uma pedra no sapato do Governo e de Bruxelas e é interpretado como sendo quase comunista pelos mercados”. Essa é a opinião de um dos analistas ouvidos pelo “Financial Times” que conclui que os 13 juízes do Palácio Ratton têm nas mãos o destino de Portugal e, em boa medida, também o da Zona Euro.

Bruno Simão/Negócios
24 de Outubro de 2013 às 16:53
  • 131
  • ...

“Tribunal Constitucional ameaça resgate de Portugal” é o título do texto do Financial Times publicado nesta quinta-feira no qual, depois de ouvir analistas nacionais e internacionais, o jornal de referência do mundo dos negócios e da finança conclui que os 13 juízes do Palácio Ratton têm nas mãos o destino de Portugal e, em boa medida, também o da Zona Euro.

 

“Vestidos de preto e acostumados à tranquilidade dos seus aposentos em Lisboa, os treze juízes do Tribunal Constitucional de Portugal viram-se inesperadamente transportados para o palco da disputa da alta política europeia. Defensores da inviolabilidade das legislações nacionais para alguns, inimigos da reforma para outros, estes sete homens e seis mulheres tornaram-se fundamentais para o sucesso ou para o fracasso do programa de resgate a Portugal e, consequentemente, para a resolução da crise da Zona Euro”, escreve o FT.

 

Para sustentar essa conclusão, o jornal falou com analistas. Mujtaba Rahman, do Eurasia Group, que se apresenta como a maior consultora do mundo em risco político, é taxativo. “O Constitucional é uma pedra no sapato do Governo e de Bruxelas e é interpretado como sendo quase comunista pelos mercados. Não é exagero dizer-se que é o maior impedimento a uma saída limpa do resgate”.

 

Mujtaba Rahman considera que as recentes decisões revelam que o Constitucional português está desligado da realidade mais ampla em que o país se insere e que esse é um problema que se estende a outros países, onde o enquadramento constitucional não foi adaptado à integração europeia e aos novos mecanismos criados para salvar o euro.

 

António Costa Pinto, professor de política no Instituto de Ciências Sociais de Lisboa, concorda, lembrando que, até agora, “só Portugal, Grécia e Irlanda tiveram de lidar com esse dilema”, mas outros países poderão enfrentá-lo de futuro. "A maioria das Constituições nacionais não foi feita no pressuposto de uma moeda única. O que costumava ser alcançado através de desvalorizações da moeda nacional tem agora de ser feito através da ‘desvalorização interna’, o que envolve cortes nos salários e nas prestações sociais que podem chocar com as constituições nacionais”, argumenta.

Ver comentários
Saber mais Financial Times Palácio Ratton Mujtaba Rahman Eurasia Group António Costa Pinto Instituto de Ciências Sociais de Lisboa Grécia Irlanda
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio