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Comissão não quer salários baixos, mas quer facilitar a sua descida
A Comissão Europeia voltou a pedir maior flexibilidade salarial em Portugal, que permita responder a períodos de crise com menores agravamentos do desemprego.
"Não queremos salários baixos, queremos ajustabilidade das remunerações, para que os salários possam ajustar, a vários níveis, às condições económicas", afirmou esta quinta-feira, 15 de Maio, fonte oficial da Comissão Europeia. "Se o preço [salário] não ajustar, a quantidade terá de ajustar." Leia-se, o desemprego aumentar.
Em Fevereiro, Bruxelas já tinha referido que os salários reais dos portugueses teriam ainda de cair entre 2% a 5%, de forma a fechar o fosso entre "a taxa de desemprego real e a NAWRU [taxa de desemprego que gera pressões em alta sobre os salários]".
"Há um caminho a percorrer para Portugal recuperar a sua competitividade, mas também há um caminho a percorrer na flexibilidade laboral", notou a fonte comunitária. "O que está a acontecer é o que aconteceu em muitos mercados de trabalho europeus: segmentação.O ajustamento está a ser desproporcionalmente suportado por contratos a prazo."
Ou seja, Bruxelas considera que sem a possibilidade de descer salários, as empresas continuarão a virar-se para a destruição de emprego para se ajustarem a um clima recessivo.
O Governo e os parceiros sociais estão actualmente a discutir em sede de concertação algumas medidas que deverão tornar os salários flexíveis, mexendo essencialmente nas regras de contratação colectiva e no mecanismo de alargamento dessas regras a todo o sector através de portarias de extensão.