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A que soa o Natal?

Chega o Natal e, com ele, todas aquelas canções que povoam o nosso imaginário. Para lá dos "hits" comerciais, há tradições que não podem ser esquecidas. Em busca da paz que a época pede.

Bruno Simão
17 de Dezembro de 2016 às 13:00
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Natais do Mundo: A Fundação Calouste Gulbenkian recebe sábado e domingo mais um concerto desta série festiva.

"Fujo o mais possível dos centros comerciais na altura do Natal. Por esse bombardeamento das canções sempre iguais e, muitas vezes, cantadas em versões absolutamente terríveis". O maestro Jorge Matta lamenta que nestas superfícies nunca passem as canções tradicionais da época festiva. "As escolhas são feitas sem qualquer critério que não o comercial".

Em alternativa, há na Fundação Calouste Gulbenkian mais um concerto da série Natais do Mundo. "As reacções foram tão boas nas edições anteriores que nos propuseram fazer mais". Primeiro as canções nacionais, depois as dos países de língua portuguesa, agora o mundo. Sonoridades interpretadas com o Coro e a Orquestra Gulbenkian, sempre apelando à participação do auditório.

A viagem deste ano arranca com três canções portuguesas. Seguem-se Espanha, França, Inglaterra, Israel, Peru, Brasil, Venezuela e República Dominicana. Jorge Matta lembra que as canções são sempre "muito vivas e cheias de ingenuidade" quando se entra na América Latina, com histórias sobre o Menino Jesus e produtos locais transformados em presentes.

Há também esse esforço quando se trabalha o cancioneiro natalício português. "Faço o possível por dar valor às nossas tradições. Em Portugal temos um bocadinho a mania de que só o que vem de fora é que é bom. Tento dar importância, escolher canções que sigam as nossas tradições. A maior parte são canções que falam do Menino Jesus".

O Pai Natal, "importação comercial", fica por isso em segundo plano neste concerto. Lá acaba por surgir "nas grandes suites orquestrais" da saga cinematográfica "Sozinho em Casa", referência incontornável nas tardes de cinema desta época. Fica assim completo o mapa, com a visita aos Estados Unidos da América.

Mais do que os presentes, o que está em causa é a intimidade, a alegria, a partilha, a família. "Sendo uma época de celebração, isso sugere que haja música ligada". Jorge Matta acredita que quando se estudam canções de Natal se "descobrem histórias muito engraçadas". O nosso tempo tem força para criar novas melodias desta época? "Sim. Por exemplo, Eurico Carrapatoso faz música de Natal excelentes. É um autor português que parte do Menino Jesus e não do Pai Natal. O importante em cada tradição é quando conseguimos exprimir o que é importante".

Mesmo quando não se é crente, estas canções conseguem surtir efeito. "O Natal passa muito para lá da religião. Podemos não ser religiosos mas temos as nossas raízes. A nossa cultura tem raízes ligadas ao Cristianismo ocidental". Depois, há uma mensagem transversal a esta época de luzes, sabores e carinhos.

É para lhe dar vida, corpo, rosto, que subirão ao palco crianças sírias, refugiadas em Portugal. Todas juntas cantarão uma canção do seu país. Porque o Natal é, também ele, um momento de busca de paz e harmonia. Mesmo quando o mundo insiste em provar o contrário.


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