A Autoeuropa voltou à atividade no início de outubro, depois de uma paragem forçada de cerca de 20 dias. A interrupção da produção na fábrica de automóveis de Palmela foi provocada pela falta de componentes de um fornecedor da Eslovénia, que foi afetado pelas cheias que atingiram aquele país em agosto.
Num outro setor, é o calor que está a fazer estragos. Em meados de outubro, com o verão prolongado a afastar clientes das lojas e das roupas de inverno, retalhistas como a H&M e as associações portuguesas do calçado e vestuário, vieram alertar para a redução nas vendas, antecipando quebras nos próximos meses. São cada vez mais frequentes os impactos da mudança climática no mundo dos negócios.
De facto, os problemas associados às alterações climáticas estão atualmente entre as principais preocupações dos gestores, logo a seguir à conjuntura económica e à frente de temas como a inovação ou as dificuldades nas cadeias de abastecimento. Essa é uma das conclusões do estudo CxO Sustainability 2023, da consultora Deloitte, que envolveu mais de dois mil líderes executivos C-level (terminologia usada para definir os vários cargos de direção dentro das organizações) de 24 países.
Quase todas as empresas referiram já ter sentido de alguma forma o impacto da mudança climática nas operações ou estratégia da organização, sendo a escassez e custo dos recursos (46%), a mudança dos padrões de consumo (45%) e o impacto operacional de desastres relacionados com o clima (41%), os fenómenos com mais repercussão nas empresas.
A fragilidade da logística
Fenómenos climáticos como a seca ou chuvas fora de época podem levar a perdas na agricultura que acabarão por condicionar a indústria ou o setor do retalho. E grandes incêndios florestais têm impacto no preço e disponibilidade da madeira, afetando, por exemplo, a indústria da pasta e do papel.