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Sete desafios do novo líder do PSD

Evitar a balcanização, renovar quadros do partido, preparar um programa que marque a diferença face ao PS, saber transmiti-lo, não descurar as relações com o CDS e o PS e agregar os vários eleitorados. Tudo isto em 10 meses para chegar ao início de 2019 - ano de europeias e legislativas - com um líder capaz de derrotar António Costa. O novo presidente do PSD tem de dar corda aos sapatos.

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1 - Unir o partido
Se o partido não quiser ficar balcanizado, o novo líder tem de ter um "discurso e uma prática abrangente e pacificadoras", avisa Marques Mendes, que aconselha o presidente recém eleito a ter nos órgãos pessoas das listas opositoras. "A bem da unidade do partido", diz o ex-presidente do PSD. Além disso, deverá ser preciso acolher o PSD de Passos Coelho, lembra Pedro Adão e Silva. Ao mesmo tempo que tem de se preocupar com a unidade do partido, Rui Rio tem de conseguir também que "o grupo parlamentar mostre coordenação e unidade", defende o politólogo António Costa Pinto. O PSD tem 89 deputados - é o maior grupo parlamentar - e o seu líder é Hugo Soares.

2 - Renovar e atrair novos quadros
A renovação de quadros no PSD é um dos desafios mais mencionados pelas personalidades ouvidas pelo Negócios. "Não pode ser sempre mais do mesmo", diz Marques Mendes, precisando que a comissão política nacional e os porta-vozes sectoriais têm de ter caras completamente novas. "Nestas directas não apareceu ninguém de novo", defende também Nuno Garoupa, acusando o partido de "incapacidade de renovação". Miguel Poiares Maduro também fala em "alargar a base de participação do partido". "Trazer pessoas", simplifica o ex-ministro de Passos Coelho. 

3 - Ter um projecto diferenciador
Ao PSD não bastará repetir ideias anteriores. "É preciso ter um projecto diferenciador do Governo", diz Marques Mendes, que escolhe quatro áreas em que o líder escolhido este sábado tem de ter uma agenda inovadora (iniciativa social, choque fiscal sustentado, plano para fazer crescer as exportações e outro para pôr a economia a crescer mais). "Não se pode cair na mesma cartilha", avisa o ex-presidente. A construção de um programa "reformista" é também um desafio, na opinião de Nuno Garoupa, até porque "os programas apresentados nas candidaturas são enormes decepções". Para construir um programa, o presidente tem de ter em conta a matriz ideológica: "É preciso pegar nessa identidade política e traduzi-la num programa de propostas concretas para o país", acrescenta Poiares Maduro.

4 - Conseguir passar a mensagem
Além de ter uma mensagem - um passo fundamental -, Rui Rio tem de saber transmiti-la. Terá de "acompanhar os temas da actualidade, ter capacidade de reacção e ter iniciativa para apresentar propostas sobre os temas que mais estão a marcar a agenda mediática", defende António Costa Pinto. O politólogo considera que a criação de um conjunto de porta-vozes credíveis em várias áreas ajudará a passar a mensagem. Ou seja, além do programa, o vencedor das eleições directas terá de "explicar como faria diferente e melhor", concretiza Pedro Adão e Silva. Mas nem todos pensam da mesma forma. Marques Mendes considera que a "dificuldade está em ter mensagem. Comunicá-la é mais fácil."

5 - Definir a relação com o CDS e com o PS
A relação que Rui Rio vai construir com a presidente do CDS é uma das questões levantadas por António Costa Pinto. Os centristas são o parceiro natural dos sociais-democratas, mas a vitória de Assunção Cristas em Lisboa nas eleições autárquicas afirmou-a enquanto líder, o que pode levar o CDS a querer mostrar mais autonomia face ao PSD. O novo PSD tem como programa ir sozinho às legislativas de 2019, mas a hipótese de coligação com os centristas não foi descartada. A relação com o PS também terá de ser gerida com pinças, já que se os socialistas vencerem as legislativas de 2019 sem maioria, o PSD terá de tomar uma posição. Até lá, ninguém sabe exactamente como o novo presidente vai gerir a relação com o PS. 

6 - Recuperar o eleitorado perdido
David Justino alerta que o novo líder do PSD "tem de recuperar o eleitorado perdido e reforçar a implantação territorial do partido" para manter o estatuto de grande força nacional. Justino diz ainda que o presidente do PSD terá de "ganhar eleições", as europeias e as legislativas de 2019, bem como as autárquicas de 2021. Depois de ficar abaixo dos 30% nas legislativas de 2005 e 2009, o PSD obteve um resultado positivo (38%) em 2011, já numa altura em que o memorando da troika tinha sido assinado. Porém, em 2015, apesar da vitória da PàF, sem os votos do CDS os sociais-democratas teriam ficado em torno dos 30%. As autárquicas de 2017 trouxeram um dos piores resultados de sempre, agravado por sondagens que colocam o PSD entre 26% e 28%.

7 - Fixar um calendário para vencer eleições
As legislativas são só em Outubro de 2019, mas o trabalho de casa tem de começar já a ser feito. "O novo líder tem 10 meses para se afirmar. Senão, é o princípio do fim e o princípio da maioria absoluta do PS", avisa Marques Mendes. Ou seja, o que houver a fazer terá de ser feito ainda este ano. Até porque 2019 é também ano de eleições europeias, logo em Maio. "As europeias funcionarão como uma espécie de rampa de lançamento para as legislativas", admite António Costa Pinto. O investigador do Instituto de Ciências Sociais avisa, porém, que "as europeias têm um problema para o PSD, que é o de dissolver um pouco a demarcação face ao PS" e, por isso, acredita que a campanha para as eleições no Parlamento Europeu serão marcadas por temas nacionais.

Cronologia dos líderes do PSD


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