Notícia
O dono do mercado
A capacidade de Robert Parker ser o guru do mercado dos vinhos e das bebidas espirituosas confirmou–se agora, com uma investida planeada ao mundo da aguardente japonesa.
Antes de mais, a ambição, já que Parker tem, e concretiza anualmente, a vontade assombrosa de classificar todos os vinhos importantes do mundo, começando pelos franceses, mas passando também pelos americanos, australianos, argentinos, chilenos, italianos, espanhóis e portugueses. Depois, pela disciplina, dado que não são só as "estrelas" a receberem classificações, mas sim todos os vinhos que o especialista considera importantes. Aliás, é este um dos seus trunfos, o de revelar ao mundo vinhos que considera superiores, e que estavam, de algum modo, fora dos radares dominantes, como também todos os que contam, o que, por vezes, chega às centenas por sector.
Ainda em plena euforia do "sake", há alguns pontos em que vale a pena reflectir. Primeiro, na hipótese de que o mercado das bebidas "premium", e o próprio Parker, considerem que a aposta nos vinhos está saturada, que o mercado está a tornar-se monótono, e que a procura possa diminuir, especialmente porque o investimento nos Bordéus e Borgonhas não tem sido especialmente compensador.
A deslocação para o "sake" seria então um gesto pensado, para trazer novos alvos ao mercado e, depois da aguardente japonesa, poderão surgir outros. Em segundo lugar, o que interessa é perceber a sustentabilidade deste novo mercado, já que a produção é limitada, e não é uma bebida tão "social" como o vinho. Ou seja, há uma boa hipótese de que, tal como na bolsa, o mercado se mova, ou se esteja a mover, apenas pela emoção.
*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.