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O dono do mercado

A capacidade de Robert Parker ser o guru do mercado dos vinhos e das bebidas espirituosas confirmou–se agora, com uma investida planeada ao mundo da aguardente japonesa.

17 de Setembro de 2016 às 10:15
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Robert Parker é o dono do mercado global do vinho e, descobrimos agora, tem suficiente poder para transformar, de repente, sectores esquecidos das bebidas espirituosas em mercados em ebulição. No que concerne ao vinho, Parker, através do seu sítio virtual The Wine Advocate, e das suas inúmeras extensões, do papel aos "workshops" temáticos, conseguiu estabelecer-se como "a" autoridade mundial. O estatuto, e a sempre indispensável reputação nunca destruída, devem-se a um número importante de factores.

Antes de mais, a ambição, já que Parker tem, e concretiza anualmente, a vontade assombrosa de classificar todos os vinhos importantes do mundo, começando pelos franceses, mas passando também pelos americanos, australianos, argentinos, chilenos, italianos, espanhóis e portugueses. Depois, pela disciplina, dado que não são só as "estrelas" a receberem classificações, mas sim todos os vinhos que o especialista considera importantes. Aliás, é este um dos seus trunfos, o de revelar ao mundo vinhos que considera superiores, e que estavam, de algum modo, fora dos radares dominantes, como também todos os que contam, o que, por vezes, chega às centenas por sector.

Mas, há pouco mais de duas semanas, Parker voltou a surpreender, aplicando a sua famosa tabela dos 0 a 100 pontos aos produtores de "sake" puro, a aguardente de arroz japonesa, criada ainda ao nível de topo, por métodos artesanais. Quarenta e oito horas depois da publicação da lista no Wine Advocate, a "sake" premium transformou-se num novo mercado, já que a procura foi avassaladora, provocando, por sua vez, uma escalada nepalesa dos preços. A título de exemplo, uma garrafa de topo, com o modesto preço de 100 euros, passou a ser vendida com um aumento de 75 por cento.

Ainda em plena euforia do "sake", há alguns pontos em que vale a pena reflectir. Primeiro, na hipótese de que o mercado das bebidas "premium", e o próprio Parker, considerem que a aposta nos vinhos está saturada, que o mercado está a tornar-se monótono, e que a procura possa diminuir, especialmente porque o investimento nos Bordéus e Borgonhas não tem sido especialmente compensador.

A deslocação para o "sake" seria então um gesto pensado, para trazer novos alvos ao mercado e, depois da aguardente japonesa, poderão surgir outros. Em segundo lugar, o que interessa é perceber a sustentabilidade deste novo mercado, já que a produção é limitada, e não é uma bebida tão "social" como o vinho. Ou seja, há uma boa hipótese de que, tal como na bolsa, o mercado se mova, ou se esteja a mover, apenas pela emoção. 

Um portefólio de luxo Em www.erobertparker.com, o especialista agrupou numa só plataforma toda a sua informação e os serviços que disponibiliza. É um portefólio especializado de luxo, das rubricas abertas, aos conteúdos "premium", pagos a peso de ouro.


*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.  



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