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O plano da condessa Noemi Cinzano (e amigos) para salvar a lagoa de Melides

Noemi Cinzano e Christian Louboutin traçaram um plano para garantir a sobrevivência da lagoa de Melides, convertendo agricultores e atraindo celebridades para um projeto integrado naquele pedaço de terra da costa alentejana ao qual se renderam. O plano inclui “arroz sustentável” e a chamada “barragem da endiabrada”.
Diana do Mar e Rui Minderico - Fotografia 15 de Junho de 2024 às 11:30

Do alpendre de Noemi Marone Cinzano vê-se a lagoa de Melides. Diz quem conhece que melhor vista não há sobre a peça central de uma natureza envolvente de arrozais, pinhais e dunas, que alimenta fauna e flora, dá sustento a quem vive do campo e proporciona paz a quem procura um refúgio da agitação urbana. Mas a serenidade que conquistou a condessa italiana e a levou a mudar-se, em 2012, após uma década a viajar para Santiago do Cacém, foi dando lugar a um certo desassossego: "Comecei a perceber que havia cada vez menos água na lagoa". E, por arrasto, adivinhou as implicações que poderia ter num ecossistema, por natureza frágil, como "o risco de um lindo arrozal desaparecer".

Decidiu agir e, em 2020, fundou a Associação Intertidal Melides, com o amigo e vizinho Christian Louboutin, o criador de moda francês conhecido pelos sapatos de sola vermelha e que tem investido em hotéis naquela freguesia do litoral alentejano. Com a missão de "promover o desenvolvimento sustentável da região de Melides e da Serra de Grândola", a organização sem fins lucrativos pôs em marcha vários projetos para "melhorar cada fase do ciclo da água", "desde que começa a chover na serra até que desagua no mar", explica o coordenador executivo, Miguel Vieira, consultor de projetos de conservação da natureza.

O primeiro a ir para o terreno foi o projeto do "arroz sustentável". Por um lado, era o "mais urgente", por outro era "a maneira mais fácil de chegar ao povo", diz Noemi Cinzano, enquanto serve os convidados do almoço numa sala de tons quentes decorada pelo designer John Stefanidis e onde sobressai um retrato de Lord Byron por cima da lareira. Mas, para isso, assinala Miguel Vieira (numa alusão bíblica), foi preciso sentarem-se no meio dos agricultores para os converterem a um novo modelo que passa por diminuir a intensidade da rega dos canteiros, substituir a técnica tradicional de sementeira pela de precisão a seco nas terras mais aptas ou eliminar o recurso a herbicidas. Como? Foram criados três tipos de apoios, desde logo para compensar perdas de produção. "Está a funcionar. Vamos para o terceiro ano. As pessoas perceberam que não era só papo furado", diz Noemi Cinzano no português açucarado do Brasil - para onde migra mal o inverno dá sinais de si em Portugal e em Itália.

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