Em Portugal, há o Dia das Maias (flores da giesta); na Chéquia, trocam-se beijinhos; nos Estados Unidos, deixam-se flores à porta de estranhos; na Alemanha, as famílias passeiam; em França, oferece-se uma flor (por acaso, venenosa); na Escócia, mergulha-se no mar; no Havai, celebra-se a cultura indígena; na Bulgária, pede-se proteção contra as cobras… Na noite de 30 de abril para 1 de maio, bebe-se, come-se, dança-se e festeja-se um pouco por todo o mundo, celebrando a chegada do bom tempo com flores, fogueiras e atividades ao ar livre. Maio significava o fim do longo inverno e o início de uma era de abundância.
Será apenas coincidência que esta celebração da vida coincida no calendário com o (bem mais recente) feriado do Dia do Trabalhador? Tudo indica que sim, mas apetece dizer que a data – estabelecida em 1889 pelo congresso da Internacional Socialista, reunido em Paris – veio mesmo a calhar, porque em muitos países a celebração do que vai sendo conhecido por "May Day" centra-se na noite anterior. Entre 30 de abril e 1 de maio, o povo sai à rua, come e bebe, dança e festeja, salta fogueiras e oferece flores. Dormir é que nada!
Não podia haver cenários mais díspares do que estes dois: de um lado, a celebração da vida e da abundância; do outro, uma data marcada pelo sangue derramado em reivindicações laborais. O 1.º de Maio foi a data escolhida para homenagear os trabalhadores mortos na luta pela jornada de oito horas. A greve geral nos Estados Unidos começou a 1 de maio e três dias depois teve o seu episódio mais sangrento em Chicago, quando uma manifestação se transformou num banho de sangue. Na praça de Haymarket, registaram-se confrontos e um intenso tiroteio. Balanço: pelo menos 11 mortos e dezenas de feridos.