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Nove provas (de resistência) de que a cultura não está fechada

A partir das 13h00, o fim de semana deve ser passado em casa. Com as novas restrições, fechar portas não foi solução para a maioria dos agentes culturais. Bem-vindos às “matinés”, às transmissões digitais e às sessões de segunda-feira. A arte reinventou-se, para não ter de asfixiar ainda mais.

Wilson Ledo wilsonledo@negocios.pt 13 de Novembro de 2020 às 10:30

HEADING AGAINST THE WALL

Bater com a cabeça nas paredes. É uma das múltiplas coisas que pode fazer durante o recolher obrigatório – mas o melhor, se quiser levar a sugestão à letra sem se magoar, será assistir ao novo trabalho dos Cão Solteiro com André Godinho. Com as sessões do fim de semana canceladas, o espetáculo conta agora com uma versão digital, que pode ser acompanhada através dos canais do Teatro do Bairro Alto e do festival Alkantara. "Um documentário sobre nada, quanto mais se descobre menos se sabe", escreve o coletivo. À custa das novas restrições, haverá apenas duas sessões presenciais no Lux Frágil, em Lisboa, nesta sexta e na próxima segunda-feira.



CICERONE (na foto principal)

Um espetáculo ao ar-livre, neste contexto de pandemia, é sempre uma boa ideia. Melhor ainda se nos contar um outro lado da história colonial portuguesa. Tiago Cadete parte com o público do Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, para mostrar o que resta da "Exposição do Mundo Português", oitenta anos após a sua realização. O espetáculo, integrado no festival Temps d’Images, tem agora novos horários devido às restrições: sábado e domingo, com sessão dupla, às 10h00 e às 11h30. Voltará, certamente, a casa com uma nova bagagem para ocupar umas boas horas de conversa.



LISBON ART WEEKEND

Este era um fim-de-semana dedicado à arte contemporânea, com a segunda edição desta iniciativa. Com as novas restrições, havia o risco de ser perderem dois dias de exposições, visitas guiadas e conversas. A equipa do Lisbon Art Weekend pôs então mãos à obra, para permitir a ponte entre 26 espaços e o público. Neste sábado de manhã há diferentes visitas-guiadas: uma delas à nova exposição do japonês Kimiyo Mishima na galeria Sokyo Lisbon. Já no domingo à tarde, o evento migra para o formato digital, podendo acompanhar "online" diferentes sessões de conversas sobre este tema.



PAISAGEM EFÉMERA – NATURAL E RURAL

E se lhe disséssemos que, neste fim de semana, pode conhecer a vila de Joanes sem sequer sair do sofá? A pandemia levou a companhia Teatro da Didascália a procurar novas formas de chegar aos espectadores. Desta feita, com uma experiência a 360 graus, cuja estreia absoluta está marcada para sala digital do "site" Gerador. É também deste modo que a equipa de Bruno Martins quer prestar homenagem à comunidade que acolhe a companhia. Apesar de ser "online", aqui também terá a experiência do bilhete, com um preço simbólico de três euros.


 

A CONFISSÃO DE LÚCIO

A nova empreitada de André Murraças recupera uma novela de Mário de Sá-Carneiro. Neste triângulo amoroso, onde o próprio autor se reflete, a narrativa vai do amor ao crime, passando pela loucura. Um século depois, a obra comprova o seu caráter inovador, ao abordar temas como o género, a sexualidade ou a arte. Devido às restrições, os espetáculos do fim de semana foram cancelados. Se tiver margem para rumar ao Centro Cultural de Belém nesta sexta ou no novo horário (próxima segunda-feira, pelas 19h00), o melhor é apressar-se a comprar bilhete.



AMOR FATI

Se perto de si não existirem cinemas a fazer sessões logo pela manhã, esta sugestão pode ser usada já a partir de segunda, para compensar o ‘défice cultural’ deste fim de semana. O novo filme de Cláudia Varejão, que chega agora às salas portuguesas, parte de uma pesquisa sobre duplas. Ao longo de dois anos, e por todo o país, a realizadora procurou histórias de amores inabaláveis. Que formas pode ter este sentimento? A resposta está no escurinho do cinema, apoiando a produção nacional.



A MORTE DE RAQUEL

Há, neste trabalho, um certo tom profético. Raquel Castro coloca em cena a própria morte, deixando indicações claras de como montar o espetáculo ideal. A certo momento do texto, ouve-se que este trabalho predileto nunca chegou à cena porque foi, repentinamente, cancelado. E é agora que passamos da ficção para a realidade: se na primeira vaga da pandemia de covid-19, a carreira no São Luiz Teatro Municipal teve de ser interrompida, as novas restrições arriscavam agora o cancelamento das sessões de fim-de-semana no Teatro Carlos Alberto, no Porto. Mas não: este funeral-com-espírito-de-festa vai mesmo ter direito as duas "matinés", sempre pelas 11h00.



FOR FOUR WALLS + RAINFOREST (1968) + SOUNDDANCE (1975)

De novo, uma referência (inesperada) a paredes neste fim de semana: vai ser possível, entre quatro paredes, assistir a este programa que assinala o centenário do coreógrafo Merce Cunningham. A companhia francesa CCN – Ballet de Lorraine, sob direção de Petre Jacobsson, sobe ao Teatro Municipal do Porto para mostrar o legado deste artista norte-americano. Neste sábado, às 10h45, pode assistir ao espetáculo ao vivo. Se a agenda não o permitir, basta comprar o bilhete para a sessão digital, disponível a partir das 19h00.



CINANIMA – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE ANIMAÇÃO DE ESPINHO

A evolução da pandemia levou a organização do Cinanima a cancelar a componente presencial da 44ª edição do festival. Ainda assim, sem sair de casa, é possível assistir a toda a programação até domingo: cerca de 300 filmes em competição e retrospetivas. Com um passe de sete euros, terá acesso total aos conteúdos. Se não sabia que maratona fazer neste fim de semana no sofá, aqui tem um caminho – junte os miúdos, faça umas pipocas, divirta-se! Com tanta opção, o que vai faltar é tempo. Tarda nada, já é segunda de novo.

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