Notícia
Encontrado na tradução
É um dos espectáculos mais cativantes dos últimos meses. Pela verdade e pela capacidade de construir a partir da diferença. “Todo o Mundo é um Palco” concretiza o lema de Shakespeare nesta Lisboa onde nos encontramos sem conhecer o outro.
Todo o Mundo é um Palco
O espectáculo, encenado por Beatriz Batarda e Marco Martins, assinala os 150 anos do Teatro da Trindade, em Lisboa. Em cena até 10 de Dezembro.
Uma bebé brinca no palco. É a única dos intérpretes deste espectáculo a nascer em Lisboa. Bate palmas, gatinha, empurra cadeiras. Malena é observada de perto pelo bailarino Romeu Runa, vestido de calções e capuz pretos. Nesse contraste, dá-se a ver uma verdade - que se mantém como a beleza de "Todo o Mundo é um Palco".
Entre os actores desta peça, a maioria não é profissional. Beatriz Batarda e Marco Martins decidiram abrir o teatro - primeiro no processo de trabalho, depois na própria cena - à comunidade. O resultado é uma Lisboa cheia de culturas, pontos de encontro, sem uma posição paternalista que tantas vezes marca este tipo de projectos sobre a multiculturalidade.
Vinte habitantes, nove nacionalidades, que escolheram Lisboa (ou foram escolhidos pela cidade) para criarem o seu lar. Depois de seis meses de trabalho em conjunto, contam agora as suas histórias, as suas memórias, o que esperam do espectáculo e os seus sonhos em palco. É uma partilha generosa e, uma vez mais, verdadeira. Não há protagonistas, todos têm o seu tempo.
O palco está completamente despido - demasiado versátil, chega-se a ouvir. Um jogo de microfones, cadeiras e cabos tem lugar. Cada um dos intérpretes chega-se à frente para dizer quem é. Mas nunca o faz sozinho: há sempre um companheiro que repete a história na sua língua natal.
Não existe uma mera conversão de palavras, antes uma tradução. Acrescenta-se um ponto, vive-se a história do outro como se fosse nossa. E, nesse jogo entre línguas, desconstrói-se o próprio acto de traduzir. É tudo tão pessoal, tão íntimo e revelador, que a plateia se sente parte. E espanta-se, ri-se, aplaude. Numa palavra: identifica-se. Precisamente para que todos possam contar as suas histórias com o respeito que elas merecem, "Todo o Mundo é um Palco" corre apenas o risco de uma certa repetição.
A grande força aqui é uma força de grupo, visível nos momentos de coreografia, com movimento de Victor Hugo Pontes. A dança torna-se linguagem universal, mas tem contornos próprios. Todos repetem o mesmo gesto, mas não o fazem de forma idêntica ou em sincronia. É essa a mensagem a retirar: todos juntos conseguimos construir algo, uma cidade até, embora não o façamos da mesma maneira.
Este elenco encontra nos actores profissionais Carolina Amaral, Miguel Borges e Romeu Runa o seu suporte ao longo de duas horas. Há que destacar o trabalho de Runa: ele é, em cena, o elemento de ligação de todo o espectáculo - assumindo o papel de narrador ou alterando a disposição dos cenários. E, acima de tudo, apoia os colegas com um olhar gentil e de incentivo - tal como aquele que mostra à bebé Malena no arranque do espectáculo. Depois, também Runa mostra do que é feito. É feito de dança, de partes do corpo que se contorcem para contar uma vida, sem medo de se expor e explorar o ridículo.
Em "Todo o Mundo é um Palco" aprendemos a estar parados, a deixar que os outros falem connosco e por nós, a lançar ioiós invisíveis, a aparecer e desaparecer com facilidade, a apaixonarmo-nos, a ser verdadeiros actores de teatro e de cinema, a cruzar fronteiras de barco. Aprendemos que as pessoas não são apenas um número e um papel, por mais que as guerras desta vida as façam sentir assim. Aprendemos. E é por isso que existe Teatro.
O espectáculo, encenado por Beatriz Batarda e Marco Martins, assinala os 150 anos do Teatro da Trindade, em Lisboa. Em cena até 10 de Dezembro.
Uma bebé brinca no palco. É a única dos intérpretes deste espectáculo a nascer em Lisboa. Bate palmas, gatinha, empurra cadeiras. Malena é observada de perto pelo bailarino Romeu Runa, vestido de calções e capuz pretos. Nesse contraste, dá-se a ver uma verdade - que se mantém como a beleza de "Todo o Mundo é um Palco".
Entre os actores desta peça, a maioria não é profissional. Beatriz Batarda e Marco Martins decidiram abrir o teatro - primeiro no processo de trabalho, depois na própria cena - à comunidade. O resultado é uma Lisboa cheia de culturas, pontos de encontro, sem uma posição paternalista que tantas vezes marca este tipo de projectos sobre a multiculturalidade.
Vinte habitantes, nove nacionalidades, que escolheram Lisboa (ou foram escolhidos pela cidade) para criarem o seu lar. Depois de seis meses de trabalho em conjunto, contam agora as suas histórias, as suas memórias, o que esperam do espectáculo e os seus sonhos em palco. É uma partilha generosa e, uma vez mais, verdadeira. Não há protagonistas, todos têm o seu tempo.
O palco está completamente despido - demasiado versátil, chega-se a ouvir. Um jogo de microfones, cadeiras e cabos tem lugar. Cada um dos intérpretes chega-se à frente para dizer quem é. Mas nunca o faz sozinho: há sempre um companheiro que repete a história na sua língua natal.
Não existe uma mera conversão de palavras, antes uma tradução. Acrescenta-se um ponto, vive-se a história do outro como se fosse nossa. E, nesse jogo entre línguas, desconstrói-se o próprio acto de traduzir. É tudo tão pessoal, tão íntimo e revelador, que a plateia se sente parte. E espanta-se, ri-se, aplaude. Numa palavra: identifica-se. Precisamente para que todos possam contar as suas histórias com o respeito que elas merecem, "Todo o Mundo é um Palco" corre apenas o risco de uma certa repetição.
A grande força aqui é uma força de grupo, visível nos momentos de coreografia, com movimento de Victor Hugo Pontes. A dança torna-se linguagem universal, mas tem contornos próprios. Todos repetem o mesmo gesto, mas não o fazem de forma idêntica ou em sincronia. É essa a mensagem a retirar: todos juntos conseguimos construir algo, uma cidade até, embora não o façamos da mesma maneira.
Este elenco encontra nos actores profissionais Carolina Amaral, Miguel Borges e Romeu Runa o seu suporte ao longo de duas horas. Há que destacar o trabalho de Runa: ele é, em cena, o elemento de ligação de todo o espectáculo - assumindo o papel de narrador ou alterando a disposição dos cenários. E, acima de tudo, apoia os colegas com um olhar gentil e de incentivo - tal como aquele que mostra à bebé Malena no arranque do espectáculo. Depois, também Runa mostra do que é feito. É feito de dança, de partes do corpo que se contorcem para contar uma vida, sem medo de se expor e explorar o ridículo.
Em "Todo o Mundo é um Palco" aprendemos a estar parados, a deixar que os outros falem connosco e por nós, a lançar ioiós invisíveis, a aparecer e desaparecer com facilidade, a apaixonarmo-nos, a ser verdadeiros actores de teatro e de cinema, a cruzar fronteiras de barco. Aprendemos que as pessoas não são apenas um número e um papel, por mais que as guerras desta vida as façam sentir assim. Aprendemos. E é por isso que existe Teatro.
O espectáculo, encenado por Beatriz Batarda e Marco Martins, assinala os 150 anos do Teatro da Trindade, em Lisboa. Em cena até 10 de Dezembro.
Uma bebé brinca no palco. É a única dos intérpretes deste espectáculo a nascer em Lisboa. Bate palmas, gatinha, empurra cadeiras. Malena é observada de perto pelo bailarino Romeu Runa, vestido de calções e capuz pretos. Nesse contraste, dá-se a ver uma verdade - que se mantém como a beleza de "Todo o Mundo é um Palco".
Vinte habitantes, nove nacionalidades, que escolheram Lisboa (ou foram escolhidos pela cidade) para criarem o seu lar. Depois de seis meses de trabalho em conjunto, contam agora as suas histórias, as suas memórias, o que esperam do espectáculo e os seus sonhos em palco. É uma partilha generosa e, uma vez mais, verdadeira. Não há protagonistas, todos têm o seu tempo.
O palco está completamente despido - demasiado versátil, chega-se a ouvir. Um jogo de microfones, cadeiras e cabos tem lugar. Cada um dos intérpretes chega-se à frente para dizer quem é. Mas nunca o faz sozinho: há sempre um companheiro que repete a história na sua língua natal.
Não existe uma mera conversão de palavras, antes uma tradução. Acrescenta-se um ponto, vive-se a história do outro como se fosse nossa. E, nesse jogo entre línguas, desconstrói-se o próprio acto de traduzir. É tudo tão pessoal, tão íntimo e revelador, que a plateia se sente parte. E espanta-se, ri-se, aplaude. Numa palavra: identifica-se. Precisamente para que todos possam contar as suas histórias com o respeito que elas merecem, "Todo o Mundo é um Palco" corre apenas o risco de uma certa repetição.
A grande força aqui é uma força de grupo, visível nos momentos de coreografia, com movimento de Victor Hugo Pontes. A dança torna-se linguagem universal, mas tem contornos próprios. Todos repetem o mesmo gesto, mas não o fazem de forma idêntica ou em sincronia. É essa a mensagem a retirar: todos juntos conseguimos construir algo, uma cidade até, embora não o façamos da mesma maneira.
Este elenco encontra nos actores profissionais Carolina Amaral, Miguel Borges e Romeu Runa o seu suporte ao longo de duas horas. Há que destacar o trabalho de Runa: ele é, em cena, o elemento de ligação de todo o espectáculo - assumindo o papel de narrador ou alterando a disposição dos cenários. E, acima de tudo, apoia os colegas com um olhar gentil e de incentivo - tal como aquele que mostra à bebé Malena no arranque do espectáculo. Depois, também Runa mostra do que é feito. É feito de dança, de partes do corpo que se contorcem para contar uma vida, sem medo de se expor e explorar o ridículo.
Em "Todo o Mundo é um Palco" aprendemos a estar parados, a deixar que os outros falem connosco e por nós, a lançar ioiós invisíveis, a aparecer e desaparecer com facilidade, a apaixonarmo-nos, a ser verdadeiros actores de teatro e de cinema, a cruzar fronteiras de barco. Aprendemos que as pessoas não são apenas um número e um papel, por mais que as guerras desta vida as façam sentir assim. Aprendemos. E é por isso que existe Teatro.
O espectáculo, encenado por Beatriz Batarda e Marco Martins, assinala os 150 anos do Teatro da Trindade, em Lisboa. Em cena até 10 de Dezembro.
Uma bebé brinca no palco. É a única dos intérpretes deste espectáculo a nascer em Lisboa. Bate palmas, gatinha, empurra cadeiras. Malena é observada de perto pelo bailarino Romeu Runa, vestido de calções e capuz pretos. Nesse contraste, dá-se a ver uma verdade - que se mantém como a beleza de "Todo o Mundo é um Palco".
Entre os actores desta peça, a maioria não é profissional. Beatriz Batarda e Marco Martins decidiram abrir o teatro - primeiro no processo de trabalho, depois na própria cena - à comunidade. O resultado é uma Lisboa cheia de culturas, pontos de encontro, sem uma posição paternalista que tantas vezes marca este tipo de projectos sobre a multiculturalidade.
Vinte habitantes, nove nacionalidades, que escolheram Lisboa (ou foram escolhidos pela cidade) para criarem o seu lar. Depois de seis meses de trabalho em conjunto, contam agora as suas histórias, as suas memórias, o que esperam do espectáculo e os seus sonhos em palco. É uma partilha generosa e, uma vez mais, verdadeira. Não há protagonistas, todos têm o seu tempo.
O palco está completamente despido - demasiado versátil, chega-se a ouvir. Um jogo de microfones, cadeiras e cabos tem lugar. Cada um dos intérpretes chega-se à frente para dizer quem é. Mas nunca o faz sozinho: há sempre um companheiro que repete a história na sua língua natal.
Não existe uma mera conversão de palavras, antes uma tradução. Acrescenta-se um ponto, vive-se a história do outro como se fosse nossa. E, nesse jogo entre línguas, desconstrói-se o próprio acto de traduzir. É tudo tão pessoal, tão íntimo e revelador, que a plateia se sente parte. E espanta-se, ri-se, aplaude. Numa palavra: identifica-se. Precisamente para que todos possam contar as suas histórias com o respeito que elas merecem, "Todo o Mundo é um Palco" corre apenas o risco de uma certa repetição.
A grande força aqui é uma força de grupo, visível nos momentos de coreografia, com movimento de Victor Hugo Pontes. A dança torna-se linguagem universal, mas tem contornos próprios. Todos repetem o mesmo gesto, mas não o fazem de forma idêntica ou em sincronia. É essa a mensagem a retirar: todos juntos conseguimos construir algo, uma cidade até, embora não o façamos da mesma maneira.
Este elenco encontra nos actores profissionais Carolina Amaral, Miguel Borges e Romeu Runa o seu suporte ao longo de duas horas. Há que destacar o trabalho de Runa: ele é, em cena, o elemento de ligação de todo o espectáculo - assumindo o papel de narrador ou alterando a disposição dos cenários. E, acima de tudo, apoia os colegas com um olhar gentil e de incentivo - tal como aquele que mostra à bebé Malena no arranque do espectáculo. Depois, também Runa mostra do que é feito. É feito de dança, de partes do corpo que se contorcem para contar uma vida, sem medo de se expor e explorar o ridículo.
Em "Todo o Mundo é um Palco" aprendemos a estar parados, a deixar que os outros falem connosco e por nós, a lançar ioiós invisíveis, a aparecer e desaparecer com facilidade, a apaixonarmo-nos, a ser verdadeiros actores de teatro e de cinema, a cruzar fronteiras de barco. Aprendemos que as pessoas não são apenas um número e um papel, por mais que as guerras desta vida as façam sentir assim. Aprendemos. E é por isso que existe Teatro.