Notícia
Cinque Terre: Todo o charme da Riviera italiana
São cinco pequenas aldeias em cima do Mediterrâneo, todas diferentes mas que, em conjunto, nos levam séculos atrás no tempo; valem pelos cheiros, pelas pessoas, pela comida e pelas cores. Mas também pelo vinho e pela possibilidade de desfrutar de um património tão valioso.
Parece que muito pouco mudou desde o século XIII, quando Riomaggiore foi fundada (e não é a mais antiga de todas). Há alguns restaurantes, umas pequenas lojas que vendem azeite, duas mercearias, ao longo de um empedrado gasto entre casas coloridas de dois ou três pisos. Junto ao pequeno porto, há dois ou três barcos de pesca costeira à espera do proprietário para mais uma faina, uma lancha de recreio. Há também uma esplanada que nos convida e ver tudo isto do alto, e mais o pôr do sol que se aproxima, na exacta medida em que o rumor vindo da rua vai diminuindo. É obrigatório provar o vinho da região da Ligúria, oriundo daquelas mesmas montanhas, e comer o peixe que o mar oferece. Se juntarmos a isto alojamento simples e séculos de história da Riviera italiana, temos motivos de sobra para ali passar vários dias, conhecendo as características de cada uma das aldeias.
Percorrendo o caminho azul
De Riomaggiore e Manarola dista um quilómetro apenas, que até há pouco tempo podia ser feito pela famosa Via del'Amore. Um caminho junto ao mar, que em tempos idos servia de ponto de encontro para os apaixonados das duas aldeias; infelizmente, uma derrocada fechou parte do percurso (a reabertura está prevista para 2018), embora haja sempre uma alternativa. Manarola parece tirada de um postal, com as suas casas coloridas a acompanhar a escarpa de um monte que termina no mar. As ruas são estreitas, com meia dúzia de restaurantes de peixe e barcos estacionados junto aos prédios, em cujas varandas existe sempre alguém a ver quem passa ou a conversar com um vizinho; para ali chegar, é preciso atravessar um túnel com 30 metros (uma forma de contornar os obstáculos naturais), ornamentado por pinturas de Cinque Terre feitas por estudantes da região. O local mais fotografado e que serve de promoção à região da Riviera Italiana, Património Mundial da Unesco, aparece já no caminho para a terceira das aldeias, Corniglia, num percurso de três quilómetros que demora cerca de uma hora. No Verão, formam-se filas para tirar fotografias com Manarola ao fundo, mas vale mais a pena pelos momentos de contemplação, principalmente com o sol a tornar ainda mais brilhantes aquelas casas tão coloridas, em tons variados, do branco ao laranja, do amarelo ao rosa, passando pelo vermelho ou o verde. Um espectáculo indescritível, que consegue melhorar com o final da tarde.
Corniglia é um pouco diferente das restantes aldeias, porque fica situada no topo de um pequeno monte, do qual se vê o mar em baixo e não ao lado; para lá chegar, é preciso subir 382 degraus desde o nível do mar. O centro é muito bonito, bem arranjado, conservando tanto quanto possível a traça original; mas tem o mesmo charme das suas irmãs, com vistas deslumbrantes sobre o mar.
Daqui para Vernazza são quatro quilómetros, mas o percurso é algo sinuoso e bastante irregular, embora quase sempre com vista de mar, levando por isso quase duas horas a percorrer. A aldeia vale pelo seu porto, mais largo que os restantes e com rocha que se transforma em praia para os locais e para os visitantes; a azáfama aqui é grande, uma vez que há um pequeno barco turístico, muito popular, que faz a ligação a Monterosso al Mare. Predominam aqui os tons de vermelho nos edifícios, com excepção para o farol, amarelo, que salta à vista. Os pequenos barcos de pescadores aqui parados e as várias esplanadas à entrada do pontão dão muita piada a Vernazza; de dia, pelo movimento e pela água cristalina; à noite, pela cor dos edifícios bem iluminados.
Já estamos com saudades
A última parte do percurso pode continuar a ser feita a pé, de barco ou de comboio. São mais quatro quilómetros e mais de uma hora e meia de caminho para chegar a Monterosso. É o mais irregular dos percursos, mas pode tornar-se agradável pelas muitas árvores que ajudam a descansar no Verão, com vista privilegiada para o Mediterrâneo. Esta aldeia é quase uma vila, pela sua dimensão, com uma praia mais extensa, vários hotéis e muitos restaurantes, ao longo de muitas ruas (sempre estreitas), todas elas conservadas com gosto. Aqui chegado, o visitante já tem saudades de Riomaggiore e vontade de voltar ao início para reviver a experiência.
Pensamos porque não poderiam ser dez em vez de cinco as aldeias, ou que não as visitámos mais cedo. No caminho para Génova, a capital da região, há ainda duas localidades que merecem uma visita um pouco mais demorada: Santa Margherita Ligure é famosa pela sua praia, e Portofino por todo o charme que o tornou mundialmente famoso. Prometemos nova visita para breve, porque há tanto mais para conhecer por aqui.
Como ir
A melhor forma de chegar a Cinque Terre é de comboio regional desde La Spezia; são 13 quilómetros que se fazem em apenas sete minutos por 2,10 euros. A cidade fica quase a meio do caminho entre Génova (a 100 km) e Florença (a 150 km) mas, com partidas de Portugal, o mais fácil é aterrar no aeroporto de Bolonha ou de Milão, que estão a cerca de 200 quilómetros cada. De carro, são mais ou menos duas horas, mas será inútil para visitar as aldeias; e de comboio são pouco mais de três, com todo o conforto.
O percurso entre as aldeias tem no total 12 quilómetros, que podem ser percorridos a pé em cerca de cinco horas, contando que não houvesse nenhuma paragem no caminho (todas as aldeias merecem uma visita demorada). De comboio, são 15 minutos no total (2,10 euros), o que pode ser uma alternativa a quem goste menos de caminhar ou a quem prefira evitar algum dos percursos a pé; paga-se apenas 1,80 euros por cada ligação entre as aldeias. Também há ligações de barco entre quatro das ilhas (à excepção de Corniglia), com preços a partir de 3 euros dependendo do percurso; a vista das aldeias desde o mar é fantástica.
Quando ir
Tratando-se de um percurso feito totalmente ao ar livre, é mais simpático visitar Cinqueterre nos meses mais quentes. A Itália tem um clima semelhante ao de Portugal e, por isso, entre Maio e Outubro pode escolher-se à vontade; Agosto é o mês mais quente e pode tornar a caminhada mais difícil, além de que é a altura em que mais pessoas visitam
a região, tornando o alojamento mais complicado e (bastante) mais caro.
Onde ficar
Qualquer das cinco aldeias dispõe de várias opções de alojamento disponível, seja ao nível dos hotéis, "hostels", quartos ou apartamentos particulares ou Airbnb (ou plataforma semelhante). Tratando-se de um destino turístico por excelência, nos meses mais visitados pode ser complicado encontrar onde ficar sem fazer as reservas com alguma antecedência. Os mais centrais são normalmente os mais caros, mas com alguma paciência é fácil encontrar alojamento a preços mais acessíveis a uma curta caminhada das zonas mais turísticas.
Moeda
Euro
Comida
As tradicionais pastas e pizzas encontram-se por toda a parte. Mas a cozinha típica da Ligúria serve-se muito do peixe e do marisco, do azeite e do vinho, das anchovas, alcachofras e manjericão. E não esquecer a sopa de peixe, verdadeira iguaria de Cinqueterre.