Notícia
Antiguidades: A dimensão do passado
Um monumental arcaz paramenteiro, feito por mestres marceneiros portugueses do século XVII, capaz de nos transportar ao passado com todo o realismo, está disponível num antiquário de Lisboa.
15 de Outubro de 2016 às 10:15
Talvez o maior fascínio gerado pelas antiguidades seja o de nos levar pormenorizadamente para uma época longínqua. É como se, inesperadamente, o objecto só por si, só pelo seu material, forma e estética, nos permitisse entrar com todo o detalhe realista numa cultura, num modo de vida. Mas é também como se o bem nos permitisse pertencer a uma época, a um grupo, no fundo, à vida de um tempo. Poucos objectos poderão ter tanto este poder como o monumental arcaz indo-português do século XVII que serviu a Igreja Católica na Igreja de Nossa Senhora da Graça, pertencente ao Convento da Ordem de Santo Agostinho, na época da Goa portuguesa.
A peça, que tem uns extraordinários 3,92 metros de largura, foi obra dos mestres marceneiros Diogo Moniz e Manuel Rodrigues, que eram os responsáveis pela arte no mosteiro. O cenóbio, como também é designada a peça, levou cinco anos a construir, em madeira de teca, com embutidos de ébano e pregaria. A opção foi por dois módulos complementares, que formam o todo, e a decoração, de um detalhe minucioso, incorpora as águias bicéfalas da Ordem de Santo Agostinho, os muito amados na época cachorros "Leões" e as molduras recortadas em ébano.
A função do arcaz era a de guardar os paramentos, isto é, as vestes e os adereços dos membros do clero, daí que a designação mais comum ou mais exacta seja a de arcaz paramenteiro ou paramenteiro. O paramenteiro serviu a Igreja e o convento durante pouco mais de dois séculos, já que as ordens foram expulsas de Goa em 1833, e andou por vários locais do mundo até ser adquirido pela Antiguidades São Roque, em Lisboa (www.antiguidadessaoroque.com), que o mantém vivo e lindíssimo.
Ao olhar para o paramenteiro, o espanto divide-se entre a beleza estética e a janela para o outro mundo que representa. A beleza estética é trazida pelo pormenor do desenho, da arte e pela harmonia de toda a peça.
A janela é, obviamente, fornecida pela monumentalidade da peça, mas principalmente pela revelação da sua função. Aquele mundo do século XVII, na Velha Goa, era um mundo de silêncio, de ritual, de cerimónia, de uma simbologia de um poder, de uma civilização e de uma religião, de uma cultura que desapareceu no tempo. Que um objecto nos consiga fazer ver isto tudo mostra o poder de uma antiguidade.
*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.
A peça, que tem uns extraordinários 3,92 metros de largura, foi obra dos mestres marceneiros Diogo Moniz e Manuel Rodrigues, que eram os responsáveis pela arte no mosteiro. O cenóbio, como também é designada a peça, levou cinco anos a construir, em madeira de teca, com embutidos de ébano e pregaria. A opção foi por dois módulos complementares, que formam o todo, e a decoração, de um detalhe minucioso, incorpora as águias bicéfalas da Ordem de Santo Agostinho, os muito amados na época cachorros "Leões" e as molduras recortadas em ébano.
Ao olhar para o paramenteiro, o espanto divide-se entre a beleza estética e a janela para o outro mundo que representa. A beleza estética é trazida pelo pormenor do desenho, da arte e pela harmonia de toda a peça.
A janela é, obviamente, fornecida pela monumentalidade da peça, mas principalmente pela revelação da sua função. Aquele mundo do século XVII, na Velha Goa, era um mundo de silêncio, de ritual, de cerimónia, de uma simbologia de um poder, de uma civilização e de uma religião, de uma cultura que desapareceu no tempo. Que um objecto nos consiga fazer ver isto tudo mostra o poder de uma antiguidade.
O valor O paramenteiro indo-português, do Convento de Santo Agostinho, está à venda por um valor nas centenas de milhares de euros, dado que o Estado português nunca fez uma oferta por este bem patrimonial. A Antiguidades São Roque tem ainda exemplares de contadores, mesas e outros objectos indo-portugueses.
*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.