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WPP afunda mais de 20% após resultados e corte de previsões
A WPP registou a maior queda em quase 20 anos, depois de ter apresentado resultados que ficaram aquém do esperado e de ter revisto em baixa as estimativas para o acumulado do ano.
As acções da WPP, empresa de publicidade, afundaram 22,5%, atingindo mínimos de Novembro de 2012. Esta é a desvalorização mais pronunciada das acções desde 1999, de acordo com a Bloomberg.
A descida desta quinta-feira eleva para mais de 35% a desvalorização desde o início do ano, o que corresponde à maior queda anual das acções desde 2008.
A justificar a sangria estão os números apresentados pela empresa. Além de ter reportado números do terceiro trimestre que ficaram aquém das estimativas, a WPP cortou as suas previsões para o acumulado do ano.
As receitas comparáveis caíram 1,5% no terceiro trimestre, revelou a empresa de publicidade, quando a média dos analistas consultados pela Bloomberg estimava um aumento ligeiro de 0,3%.
A Reuters realça que as receitas tiveram um comportamento particularmente fraco na América do Norte e no Reino Unido, mercados que acabaram por ditar a descida do volume de negócios e uma revisão em baixa das previsões para o acumulado do ano. A WPP estima agora que as receitas totais do ano diminuam até 1%, quando há três meses apontava para um crescimento de 0,3%.
A margem operacional deverá diminuir entre 1 e 1,5 pontos, o que compara com a anterior previsão de uma queda de 0,4 pontos.
Mudanças de gestão
A WPP está a passar por um processo de mudanças. Martin Sorrell, fundador da empresa, saiu em Abril de 2017, depois de uma queixa de má conduta, algo que sempre negou. A liderança de Sorrell foi marcada por várias aquisições. Actualmente a WPP detém a JWT, a Ogilvy e a Y&R.
Esta estratégia permitiu à agência expandir-se. Mas os sinais de travagem do negócio começaram a surgir ainda no início de 2017, com os clientes a usarem directamente o Facebook e o Google para colocarem publicidade, reduzindo custos, realça a Reuters.
Mark Read assumiu assim a liderança da empresa, em Setembro, numa altura de alguma instabilidade no sector. "A nossa indústria não está numa queda estrutural, está numa mudança estrutural", salientou Mark Read numa entrevista telefónica à Bloomberg. "Talvez estejamos a ser lentos a reagir a estas mudanças [que ocorreram] nos últimos dois anos. Precisamos de acelerar o passo", admitiu.
E as mudanças na gestão vão continuar. O CFO da WPP, Paul Richardson, vai reformar-se em 2019. Este responsável foi um aliado de peso de Sorrell e esteve à frente das contas da empresa nos últimos 22 anos.
O presidente executivo da WPP anunciou ainda que vai vender a participação na Kantar, uma unidade de análise de dados, que está avaliada em cerca de três mil milhões de libras. Esta unidade representa cerca de 15% das receitas do grupo. O objectivo desta alienação será reduzir dívida.