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O efeito das expectativas no preço das acções

Tesla não para de crescer. Depois de se ter tornado a maior fabricante automóvel dos EUA na bolsa, prepara-se para liderar o mundo. Embora os resultados ainda estejam no vermelho.

Reuters
24 de Abril de 2017 às 13:21
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A BMW é a marca de automóveis mais rentável do mundo, com uma margem EBIT de 10% em 2016, com a Daimler a ocupar o segundo lugar deste ranking, publicado recentemente pela Ernst&Young. Ou seja, no último ano, os fabricantes alemães bateram os seus principais concorrentes japoneses, com a Toyota a alcancar uma margem EBIT de 7,8%. Já a Tesla foi a empresa com maiores perdas do sector automovel, mas não pára de bater recordes em bolsa.
 
Depois de se ter tornado a fabricante automóvel com maior valor em bolsa nos Estados Unidos, a empresa está prestes a tornar-se a empresa com maior capitalização bolsista do mundo no sector, ultrapassando (pela direita) a BMW, empresa mais rentável do mundo, com um valor de 53.760 milhões de dólares em bolsa.
 
Os analistas da DEGIRO referem que a Tesla - a fabricante de carros que mais se fala no mundo - "é um exemplo perfeito de como as expectativas de fluxos de caixa futuros se descontam no preço actual de uma acção". Até porque ainda "não é de todo claro" que a empresa de carros eléctricos vá conseguir resultados positivos em 2017.
 
A DEGIRO refere que muitos investidores acreditam, há vários meses, que o preço das acções da Tesla – que já superou os 300 dólares - está sobrevalorizado. Uma das razões que parece confirmar este ponto de vista é o 'short ratio' de 26%. Esta "posição curta" representa a quantidade de acções que foram recompradas para fechar uma posição de "short selling".
 
Um elevado rácio de interesse no curto prazo pode apertar o gatilho para um 'short squeeze' - nome dado ao movimento repentino de forte alta do preço de uma acção devido à influencia de noticias positivas que levam os investidores a fechar posições curtas, acrescenta a corretora online, defendendo que os vendedores de curto prazo vêem-se assim obrigados a recomprar as acções para limitar o risco, que em teoria é ilimitado, e que pode levá-los a assumir perdas substanciais. Os últimos dados de vendas e as recomendações dos analistas impulsionaram a revalorização de 23% das acções da Tesla nos últimos 20 dias, conclui a DEGIRO.
 
Elon Musk não conseguiu resistir, e para cavalgar esta onda de confiança dos títulos da Tesla, enviou uma mensagem no twitter para quem estava com uma posição curta na Tesla: "Stormy time in Shortville".

Tesla é a acção do momento. Mas é a velhinha Ferrari que dá mais dinheiro a ganhar

As acções da marca de luxo italiana valorizaram 74% num ano e a Ferrari tornou-se na empresa que mais dá dinheiro a ganhar aos seus accionistas, embora a sua capitalização bolsista seja de 13,6 mil milhões. Já os títulos da Tesla subiram 25%, no mesmo período, mas a empresa de que todos falam atingiu, recentemente, uma capitalização bolsista superior a 50 mil milhões de euros.

De acordo com a Bloomberg, a performance da Ferrari deve-se aos resultados acima do esperado da empresa, fundada por Enzo Ferrai em 1929. A decisão do CEO Sergio Marchionne de aumentar a produção de edições especiais de luxo, tais como o desportivo LaFerrari Aperta, que custa 2,1 milhões de dólares, é a principal justificação para a Ferrari ter lucrado 425 milhões de euros (cerca de 450 milhões de dólares), em 2016. Mas não a única. A Ferrari revelou em Março o 812 Superfast, o carro de produção mais rápido da história da marca. Marchionne está lentamente a mudar a estratégia da marca italiana admitindo a construção de modelos híbridos e menos potentes. A empresa, que se limitava a uma produção de 7 mil veículos por ano para proteger sua imagem de marca de exclusividade, vendeu 8.014 em 2016 e espera vender cerca de 8.400 este ano.

"Os investidores estão a descobrir a Ferrari e a sua capacidade para aumentar as margens de lucros desde o IPO, enquanto a Tesla, com a vantagem de ser vista desde o início como estrela dos carros eléctricos, ainda precisa de provar que é capaz de gerar lucros", afirma à Bloomberg Vincenzo Longo, um analista da IG Market, em Milão.


A Tesla que em 13 anos passou de promissora 'start up' à mais valiosa empresa de automóveis em bolsa, teve prejuízos de 2,3 mil milhões de dólares em 2016, e este ano, deverá perder pelo menos 950 milhões de dólares. Os analistas explicam o sucesso da empresa de no mercado de acções com a mística do presidente executivo Elon Musk, cujos discursos se tornam virais e são estudados à virgula. O génio de Silicon Valley tornou-se num ícone depois de vender a PayPal — da qual era o principal accionista — ao eBay por 1,5 mil milhões de dólares e ter fundado a primeira empresa privada de exploração espacial, a SpaceX, a conseguir um contrato com a NASA.


Alexander Potter, da Piper Jaffray, resumiu num relatório de análise à empresa, citado pelo Washington Post, o ‘segredo’ por detrás do sucesso: "A Tesla não é apenas mais uma empresa. Mais do que qualquer outra acção que tenhamos analisado, a Tesla gera optimismo, liberdade, desafio e uma série de outras emoções que, na nossa opinião, as outras empresas não conseguem replicar".

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