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No cofre português do Carregado há 176 toneladas de ouro e muitas paletes de notas

No dia em que se estreou a nova nota de 50, o Banco de Portugal entreabriu as portas do Complexo do Carregado, o edíficio de alta segurança onde se fazem notas e se guarda parte do ouro do país.

04 de Abril de 2017 às 20:36
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Pesam quase 13 quilos, cada uma, e estão empilhadas numa espécie de prateleiras que forram as paredes de uma divisão da casa-forte, onde o brilho do metal amarelo salta à vista. Ao todo, estão dispostas nas estruturas metálicas 176 toneladas de barras de ouro, que constituem cerca de 40% das reservas do Banco de Portugal. Neste conjunto, ainda se encontram algumas gravadas com uma foice e um martelo, símbolos da antiga URSS.

A casa-forte insere-se no complexo do Banco de Portugal, no Carregado, um edifício em tons pastel que se estende por uma área de 67 mil metros quadrados. Os GNR à porta, com metralhadoras a tiracolo e pastores alemães pela trela, denunciam o apertado nível de segurança daquele que é um dos recintos mais impenetráveis do país.

Inaugurado em Outubro de 1995, o edifício é constituído por 300 quilómetros de cabos eléctricos, 54 mil metros quadrados de betão e sete mil toneladas de ferro. Ou não fosse este o verdadeiro "cofre" de Portugal.

"Fábrica" de dinheiro

Foi ali, no Carregado, que a Valora – detida integralmente pelo banco central português – produziu, no ano passado, 108 milhões de notas de 50 euros da nova série "Europa", que entraram em circulação na terça-feira, dia 4 de Abril. No total, o Banco de Portugal foi responsável pela produção de 198 milhões das novas notas, a que se juntam mais 22 milhões feitas no âmbito do projecto-piloto, que teve lugar em 2014.

"O Banco de Portugal cumpre aqui a sua função nuclear de emissão monetária", explica Hélder Rosalino, administrador do Banco de Portugal, numa conferência de imprensa para assinalar a entrada em circulação da nota de 50 euros da segunda série. "Mas aqui cobrem-se todas as fases de vida da nota". É que, além da produção de notas, realizam-se no complexo outras funções do banco central português incluindo depósitos e levantamentos, guarda de numerário, análise de contrafacções e escolha e destruição de notas.

Esta última função cumpre-se na ampla sala de saneamento, onde cinco máquinas operadas por trabalhadores processam 33 notas por segundo, com o objectivo de avaliar se estão aptas para voltar à circulação. Em caso negativo, a nota é destruída em minúsculos pedaços, que são triturados e compactados em rolos de resíduos, aproveitados para a produção de energia. Se, pelo contrário, reunirem as condições exigidas, as notas são preparadas para regressar à circulação.

Neste processo, o último passo acontece numa enorme divisão do complexo, onde as notas "aguardam" a recolha por parte das empresas de transporte de valores. Nesta espécie de depósito, conjuntos de maços de notas de 20 euros, apertados em filme transparente, enchem filas e filas de paletes. Cada uma delas carrega quatro milhões de euros. "Está aqui muito dinheiro, mas há outra divisão que tem ainda mais", comenta um funcionário do Banco de Portugal. Essa outra divisão é um verdadeiro armazém do dinheiro do banco central, que além da reserva de ouro, é o guardião da reserva fiduciária.

Contrafacção pouco expressiva

No edifício, polvilhado de câmaras e de seguranças, circulam diariamente cerca de 200 funcionários. Mas nem estes escapam às exigentes medidas de segurança que os proíbem, por exemplo, de usar telemóveis equipados com câmaras fotográficas em determinadas áreas do edifício, cujos corredores largos estão forrados com uma espécie de placas metálicas. Um deles dá acesso ao laboratório onde o Banco de Portugal faz análise de contrafacções com recurso a computadores, microscópios e outras tecnologias sofisticadas.

A contrafacção não tem, contudo, uma grande expressão em Portugal comparativamente à área do euro. De acordo com o relatório da emissão monetária de 2016, no ano passado, foram retiradas de circulação no país cerca de 7.800 notas contrafeitas, o querepresenta apenas 1% do total. É por esse motivo que António Garcia, director do Departamento de Emissão e Tesouraria do Banco de Portugal afirma que "utilizar notas de euro em Portugal é muito seguro". 

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