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Nem um bilião chegou para evitar o pior arranque da década nas estreias em bolsa
Se havia dúvidas de que falta força no rali de ações no novo ano, no mercado europeu de estreias em bolsa.
O índice europeu Stoxx 600 somou mais de um bilião de dólares em valor desde os mínimos de dezembro, mas as empresas continuam relutantes em levar estreias em bolsa adiante na Europa. As empresas anunciaram 490 milhões de euros em ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) na Europa Ocidental em 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg, menos 94% do que no mesmo período do ano passado, configurando o pior começo de ano desde a crise financeira de 2009.
Investidores e empresas continuam traumatizados com a repentina e arrepiante forte queda registada no final do ano passado, que paralisou os negócios com ações e deixou os investidores a cambalear. Muitos preferem ficar de fora da recuperação de 12% das ações europeias este ano por acreditarem que o bull market perderá força nos próximos meses.
O aviso mais recente partiu da Volkswagen, que citou más condições de mercado ao cancelar a venda de ações da divisão de caminhões Traton, que teria sido a maior IPO da Europa este ano. Sim, o setor automóvel enfrenta fortes ventos contrários devido à preocupação com a guerra comercial e com a queda da procura, mas, além disso, o Brexit e a desaceleração económica da Europa transformam-na num mercado difícil para a venda de ações na maioria dos setores.
"Quem lança um IPO não quer fazê-lo rodeado de incertezas", afirmou Chris Hiorns, gestor de fundos da EdenTree Investment Management, que gere cerca de três mil milhões de dólares. "Todos esperam uma resolução para as tensões geopolíticas e para o Brexit. Nós vimos um rali de ações este ano, mas o ritmo é fraco, sem convicção."
Um problema enfrentado pela Volkswagen, segundo Edward Park, vice-diretor de investimentos da Brooks Macdonald Asset Management em Londres, é que mesmo que os EUA e a China cheguem a um acordo comercial que alivie as preocupações com a procura, os EUA podem aplicar tarifas às fabricantes de automóveis europeias.
"Este não é um problema de mercado, é mais uma questão do setor", disse Park. "Com a ampla melhoria das condições de mercado desde dezembro, as empresas europeias estão de olho em IPO em 2019; no entanto, com as pressões atuais sobre o setor automóvel, as avaliações estão a sentir o efeito."
É verdade que o começo de ano está mais lento também para os IPO nos EUA por causa da paralisação do governo. Mas o tamanho das ofertas realizadas nos EUA pode deixar a Europa a chorar a um canto: entre os atuais candidatos a realizar IPO do outro lado do Atlântico estão a Lyft e a Uber Technologies, provavelmente duas das maiores ofertas do ano. A Lyft tenta uma avaliação de mercado de até 25 mil milhões de dólares.
(Texto original: Not Even $1 Trillion Can Save the Decade's Worst IPO Market)