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Fintech-estrela alemã suspeita de fraude e lavagem de dinheiro. Ações afundam 25%

A fintech que ultrapassou o Deutsche Bank em valor de mercado está envolvida em suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro, um esquema exposto pelo Financial Times. As ações já afundaram quase 25%.

Reuters
30 de Janeiro de 2019 às 16:17
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Há escassos meses, a Wirecard fazia manchetes por ter superado o gigante alemão Deutsche Bank, em valor de mercado, com uma capitalização superior a 21 mil milhões de euros, e ter substituído o Commerzbank no índice acionista alemão DAX30. Agora, a startup de pagamentos regressa às notícias, mas por suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro.

O caso é revelado esta quarta-feira, 30 de janeiro, pelo Financial Times, que teve acesso a um documento interno, que descreve transações potencialmente fraudulentas envolvendo um executivo sénior da empresa, Edo Kurniawan, que é responsável pela contabilidade do grupo na região Ásia-Pacífico.

O documento intitulado "Project Tiger Summary" foi preparado por um departamento de compliance da fintech e apresentado a quatro responsáveis da empresa, incluindo o CEO Markus Braun, no passado mês de maio. Chegou às mãos do FT por meio de um denunciante que, segundo a publicação, agiu motivado por preocupações de que nada fosse feito em relação aos potenciais atos criminosos dentro da empresa.

A investigação do FT está a ter um forte impacto nas ações da fintech de pagamentos, que já afundou um máximo de 24,73% para 126,00 euros – o valor mais baixo desde novembro – seguindo agora a deslizar 12,72% para 146,10 euros.  

O FT descreve que o documento mostra que 37 milhões de euros parecem ter entrado e saído das subsidiárias e negócios externos da Wirecard, através de sete conjuntos de transações complexas, sinalizadas como suspeitas, e que podem configurar atos ilícitos, como "falsificação de contas" e "lavagem de dinheiro". As transações foram autorizadas por Edo Kurniawan, que se mantém até hoje no cargo.

O documento descreve, por exemplo, contratos com um valor de 13 milhões de euros, datados de 2017 e 2018, entre quatro subsidiárias da Wirecard e a Flexi Flex, uma empresa de tubagens e sistemas hidráulicos com escritórios em Singapura e na Malásia.

O FT também viu faturas com o logótipo da Flexi Flex e um acordo de vendas que indica que a empresa forneceu 3 milhões de euros em software à Aprisma, uma subsidiária indonésia da Wirecard. Contudo, um diretor da Flexi Flex disse ao FT que nunca ouviu falar da Wirecard, e que a sua empresa não vende software, não tem clientes indonésios e nem sequer recorre a uma empresa de pagamentos.

Apesar destas evidências serem novas, as preocupações e suspeitas em relação às contas da fintech não são de agora. Investidores e analistas já haviam levantado dúvidas sobre as demonstrações financeiras do grupo em 2008, 2015 e 2016, citando aparentes inconsistências.

Em cada uma dessas ocasiões, a Wirecard rejeitou qualquer irregularidade e assegurou que tinha "auditorias internas e externas rigorosas" e que quaisquer preocupações "são sempre investigadas de forma completa e apropriada".

Contactado pelo Financial Times, Edo Kurniawan recusou-se a dar explicações.

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