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Gerar uma mudança sistémica no ecossistema da inovação social ligando investidores e organizações sociais é o objetivo da Rede Capital Social, uma nova organização lançada hoje em Portugal. Promovendo a filantropia estratégica, pretende reunir cerca de 15 milhões de euros para efetuar investimentos em projetos com impactos positivos.
José Salgado, Karen Frisch e Margarida Couto são os promotores desta associação pioneira, que pretende reunir os maiores investidores sociais nacionais com o objetivo de apoiar a médio e longo prazo iniciativas relevantes com vista a fomentar a maximização do seu impacto social.
"São enormes os desafios sociais da sociedade portuguesa e do mundo em geral que enfrentamos na atual conjuntura social e económica. Estamos focados essencialmente em resolver um grande desafio que está identificado e para o qual ainda não houve uma resposta estruturada: a dispersão do financiamento das empresas face às necessidades do setor social, que não permite que as organizações sociais ganhem escala e como tal contribuam para uma maior mudança sistémica na resolução dos problemas sociais", explica José Salgado ao Negócios.
A abordagem de "venture philantrophy" está na base de atuação da Rede Capital Social. Consiste na aplicação dos princípios de financiamento de capital de risco tradicional, também conhecido como Venture Capital, ao setor social. A diferença fundamental reside no facto de que o que se pretende obter dos investimentos não são resultados financeiros, mas sim impacto social.
"A economia social é um setor muito diverso, com 72 mil entidades de diversas famílias (associações, misericórdias fundações, etc.) que produzem bens e serviços sem finalidade lucrativa, mas com um contributo fundamental para a atividade económica (2,7% PIB, 6,1% empregos, 2019) e para o interesse geral da sociedade, uma vez que é um setor que tem uma importância determinante para as respostas sociais que temos no país", acrescenta o promotor.
Para reunir os cerca de 15 milhões de euros para fazer investimentos de médio e longo prazo em projetos de impacto positivo foi criado um modelo de operação profissionalizado de sete fases para garantir ao investidor o retorno do impacto final, que começa na definição de setores objetivos e mapeamento do ecossistema social e seleção das organizações e termina no acompanhamento da mudança sistémica e no reporte semestral aos filantropos.
As áreas de intervenção prioritárias serão definidas no âmbito do Conselho Estratégico e em colaboração com diferentes stakeholders. A seleção das associações a serem impactadas pela Rede Capital Social deverá ter início em breve, garantiu a nova estrutura ao Negócios.