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Líderes mundiais discutem Novo Pacto Global de Financiamento mais inclusivo

Mais de 300 instituições e personalidades vão tentar encontrar consensos para permitir o desenvolvimento sustentável de mais países e alinhar as agendas globais da economia e sustentabilidade.

22 de Junho de 2023 às 09:57
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Paris recebe hoje e amanhã a Cimeira para um Novo Pacto Global de Financiamento mais inclusivo e que esteja alinhado com os novos desafios da atualidade marcados simultaneamente pelas crises climática, energética, económica e na área da saúde.

Convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron, a cimeira visa criar consenso para um sistema financeiro internacional mais inclusivo e alinhado com a Agenda 2030 das Nações Unidas. "A luta contra a pobreza, a descarbonização da nossa economia para atingir a neutralidade carbónica até 2050 e a proteção da biodiversidade estão estreitamente interligadas. Por conseguinte, temos de chegar a acordo sobre os melhores meios para enfrentar estes desafios nos países pobres e emergentes do mundo em desenvolvimento, no que diz respeito ao montante do investimento, à reforma global das infraestruturas como o Banco Mundial, o FMI e os fundos públicos e privados, e à forma de pôr em marcha um novo processo", defende Macron no site da cimeira.

A cimeira conta com a presença de mais de 300 instituições e personalidades, entre as quais mais de 100 líderes de Estado, empresas do setor privado, instituições financeiras, Organizações Não Governamentais e organizações internacionais.

A Cimeira para um Novo Pacto Global de Financiamento visa estabelecer os princípios para futuras reformas e abrirá caminho para uma parceria financeira mais equilibrada entre o Norte e o Sul. Pretende igualmente que mais países tenham acesso ao financiamento de que necessitam para investir no desenvolvimento sustentável, proteger melhor a natureza e reduzir as emissões, bem como ajudar a proteger as populações das alterações climáticas.

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, que estará presente na cimeira, declarou recentemente que "as policrises atuais estão a agravar os choques nos países em desenvolvimento, em grande parte devido a um sistema financeiro mundial injusto, de curto prazo, propenso a crises e que agrava ainda mais as desigualdades".

A organização da cimeira defende que, para reconstruir a credibilidade do sistema internacional, é necessário um novo pacto que ofereça condições de concorrência equitativas, partilhe o ónus das alterações climáticas e crie prosperidade e segurança para todos os países.

O Novo Pacto Global de Financiamento quer definir os princípios e as medidas necessárias para reformar o sistema financeiro e para combater os elevados níveis de dívida que limitam a capacidade dos governos de implementar "ações ambiciosas" no domínio do clima, a fim de reduzir as disparidades climáticas, económicas e tecnológicas.

Segundo as Nações Unidas, o mundo sofreu uma inversão do desenvolvimento humano em 90% dos países, principalmente devido a uma diminuição da esperança de vida e a um aumento da pobreza. A pandemia de COVID-19 e o conflito na Ucrânia reduziram efetivamente o rendimento de muitos países, afetando a sua capacidade de financiar o acesso das suas populações aos serviços sociais básicos e a enfrentar os desafios climáticos.

Os países do Sul, que poluem menos do que o resto do mundo, são os mais ameaçados pela crise climática. Em 2022, as catástrofes naturais custaram mais de 300 milhões de dólares, destaca a ONU. "Consequentemente, o grande fosso financeiro continua a alargar-se, deixando os países do Sul Global mais sensíveis aos choques. Os países em desenvolvimento não dispõem dos recursos urgentemente necessários para investir na recuperação, na ação climática e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o que os coloca ainda mais atrasados na eventualidade da próxima crise - e ainda menos suscetíveis de beneficiar de futuras transições, incluindo a transição ecológica", destaca a ONU.

 

 

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