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Créditos de carbono são “na sua maioria ineficazes”, conclui SBTI

Iniciativa global de acompanhamento de emissões das empresas conclui que o uso corporativo de créditos de carbono pode atrasar os esforços de descarbonização.

31 de Julho de 2024 às 13:12
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Jeffrey Arguedas/Epa
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A Science Based Targets Initiative (SBTI), iniciativa global de acompanhamento das metas das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) do setor privado, conclui que recorrer aos créditos de carbono para compensar as emissões de GEE das empresas não é uma medida claramente eficaz e carece de mais estudos.

Num conjunto de análises aguardadas e publicadas nesta terça-feira, a SBTI conclui que, no que respeita à eficácia dos créditos de redução de emissões para produzir resultados de atenuação, a seleção limitada de provas sugere que "vários tipos de créditos de carbono são ineficazes na obtenção dos resultados de atenuação pretendidos".

Além disso, o uso corporativo de créditos de carbono pode atrasar os esforços de descarbonização. Conclusão que vai no sentido do que defendem os ambientalistas, nomeadamente que se as empresas puderem compensar as emissões que produzem comprando créditos de carbono farão menos esforços para reduzir efetivamente as suas emissões. 

"As provas apresentadas à SBTI sugerem, de um modo geral, que pode haver riscos claros para a utilização de créditos de carbono pelas empresas para efeitos de compensação, com o potencial efeito não intencional de dificultar a transformação líquida nula e/ou reduzir o financiamento da luta contra as alterações climáticas", assinala a SBTI.

O relatório deverá impactar o mercado de compensações de carbono, que já tem de enfrentar alegações de "greenwashing". Recorde-se que, em abril, o conselho de administração da SBTI foi ele próprio objeto de controvérsia, depois de aceitar uma utilização mais ampla dos créditos de carbono, suscitando aplausos dos participantes no mercado de compensações, mas críticas de cientistas do clima e de grupos ambientalistas.

Por outro lado, a SBTI destaca que as abordagens empresariais à compensação de carbono podem representar modelos para acelerar a transformação para a neutralidade carbónica e aumentar o financiamento climático. No entanto, "há uma clara necessidade de avaliar um conjunto mais vasto de provas para interrogar esta área de investigação de forma mais aprofundada. Em particular, há uma clara necessidade de mais investigação e normalização da insetting como prática empresarial, em que créditos de carbono têm origem na cadeia de valor de uma empresa", refere a iniciativa.

Para Alberto Carrillo Pineda, diretor técnico da SBTi, os resultados divulgados são "um passo fundamental" para a SBTi poder desenvolver uma abordagem que ajude as empresas a estabelecer metas de descarbonização. "A SBTi acredita que a descarbonização direta deve continuar a ser a prioridade da ação climática das empresas", refere Carrillo Pineda.

O relatório faz parte de um pacote mais amplo de pesquisas, que servirá de base para uma atualização do Corporate Net-Zero Standard, o projeto da SBTi para a descarbonização corporativa.

 

 

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