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Azerbaijão só nomeia homens para comité da COP29

Grupo organizador da próxima conferência do clima da ONU é composto por 28 homens. Ativistas condenam decisão sublinhado que “as alterações climáticas afetam o mundo inteiro, não metade dele”.

17 de Janeiro de 2024 às 10:04
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A próxima Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), que terá lugar em novembro no Azerbaijão, tem um grupo organizador composto por 28 homens e nenhuma mulher. A denúncia foi feita pela SHE Changes Climate, uma organização internacional que trabalha em prol da equidade na ação climática.

Após a recente nomeação de Mukhtar Babayev como presidente da COP29, nomeação esta também polémica por se tratar de um antigo empresário da indústria petrolífera, a SHE Changes Climate refere que a não inclusão de mulheres na organização da conferencia "é uma regressão no caminho para a paridade de género no clima, mas ainda há tempo para mudar". Como tal "pedimos representação equitativa na organização das conversações climáticas deste ano porque as alterações climáticas afetam o mundo inteiro, não metade dele", acrescenta a SHE Changes Climate numa carta dirigida ao comité liderado por Mukhtar Babayev, salientado que o comité organizativo da COP28, no Dubai, teve uma participação feminina de 63%.

Quase todos os elementos selecionados para o comité organizativo da COP29 são ministros ou funcionários do governo, incluindo o chefe do serviço de segurança do Estado e o chefe da rede estatal de distribuição de gás do país.

"A tendência preocupante da ausência de equilíbrio de género e representatividade feminina nos fóruns de decisão climática agrava-se, mas não deve surpreender", assinala Alice Khouri, fundadora principal da Women in ESG Portugal. Ao Negócios, a recém-nomeada Head of Legal da Helexia destaca que "apesar de a COP28 ter sido cimeira com o maior número de participantes da história, não se observou um aumento da participação ativa das mulheres na conferência. Pelo contrário, no Dubai, estavam previstas intervenções de 140 líderes mundiais, dos quais 15 eram mulheres, pouco mais de 10%, e essa realidade chocante ficou registada numa foto que circulou pelo mundo".

À medida que as alterações climáticas continuam a agravar-se, "os decisores políticos em matéria climática têm uma responsabilidade significativa na inversão das tendências atuais e na condução da sociedade para a sustentabilidade. E tais níveis de decisão, em pleno século XXI, estão predominantemente desequilibrados", alerta Alice Khouri, salientando que "67% dos ministros de topo dos Estados-Membros da UE com uma pasta do ambiente ou das alterações climáticas são homens. 70% dos membros das comissões parlamentares que se ocupam do ambiente e das alterações climáticas são homens. Em seis países (Letónia, Roménia, Chipre, Eslovénia, Eslováquia e Estónia), menos de 20% dos membros das comissões são mulheres. Todos os diretores executivos são homens, com exceção da Agência Europeia da Segurança Marítima, que é dirigida por uma mulher".

Estes números "alarmantes" mostram a sub-representação do género. Porém, "não devemos deixar o ceticismo e pessimismo apoderarem-se, sobretudo por uma razão de eficiência. É mais eficiente conhecer e identificar onde está o gap e quais as razões para que ele perpetue. E exigir, desde já, que haja alteração para a próxima COP", conclui a advogada.

 

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