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Portugal aumentou 4% a quantidade de embalagens enviadas para reciclagem em 2024, mas ainda assim o país está longe de cumprir as metas definidas por Bruxelas. Os números da Sociedade Ponto Verdes mostram que no ano passado os portugueses encaminharam para reciclagem um total de 476.605 toneladas de embalagens, acima das quantidades de 2023.
"Embora estes dados sejam positivos, Portugal mantém-se longe da nova meta definida para este fluxo de resíduos urbanos e que é necessário atingir em 2025", refere a SPV em comunicado, lembrando que este ano o país terá de garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado. Em 2024, a taxa de retoma foi de apenas 57,8%, de acordo com dados preliminares.
Para crescer até aos 65%, a SPV defende que o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) tem de ser "mais eficiente para atingir as novas metas".
A entidade gestora sublinha que em 2025, em virtude da decisão do Governo de aumentar os valores das contrapartidas pagos pelos produtores e embaladores aos Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos – SGRU), haverá uma verba extra de 113 milhões de euros só para a gestão dos resíduos de embalagens este ano. Desta forma, este ano todo o sistema contará com um total estimado de 235 milhões de euros (em 2024 foram 122 milhões de euros).
"O ano de 2025 tem de ser de viragem na recolha seletiva das embalagens. Com mais fundos à disposição do sistema, esperamos mais recolha e reciclagem destes resíduos, assim como uma atenção permanente das autoridades à forma como evolui a performance de toda a operação. É fundamental resolver os problemas existentes, que estão bem identificados, ao nível da prestação do serviço ao cidadão", defende a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais.
No mesmo comunicado, a entidade gestora diz que se trata de "uma oportunidade única" para aumentar a performance de todo o sistema e colocar Portugal na rota do cumprimento das metas da reciclagem de embalagens, cabendo às autoridades garantir a eficiência da operação. "A injeção de mais 113 milhões tem de traduzir-se na melhoria significativa do nível de serviço que é prestado aos cidadãos por parte dos sistemas municipais e multimunicipais na recolha, numa operação que deve ser cada vez mais orientada para a conveniência, assegurando, no final, a recolha de mais embalagens e o seu encaminhamento para reciclagem", defende a SPV .
Os valores de contrapartida (cujo valor foi aumentado em 2025, depois de terem estado congelados durante anos) são pagos pelas entidades gestoras de resíduos de embalagens (SPV, Novo Verde e Eletrão) aos sistemas municipais, intermunicipais e concessões, (SGRU) para procederem à recolha seletiva de resíduos urbanos de embalagens, que asseguram a triagem e pré-preparação para reciclagem destes resíduos nos seus diferentes materiais (como vidro, plástico ou papel/cartão).
A SPV recomenda assim que o atual modelo de recolha por ecopontos possa ser complementado com sistemas de incentivo, porta-a-porta ou "pay as you throw" (poluidor-pagador), permitindo aos cidadãos terem noção do valor pago em função do consumo. "Estas são soluções já identificadas para permitirem uma melhor capacidade de resposta, com a entrada de mais embalagens no sistema de reciclagem. Este esforço para um sistema cada vez mais eficiente significa também uma maior articulação e colaboração entre todos os parceiros e partes interessadas desta cadeia de valor, levando ao cumprimento das metas estabelecidas para 2025", regere ainda a SPV..
Já o vidro continua a "merecer particular preocupação, já que o seu ritmo de crescimento continua aquém da meta", tendo-se verificado um aumento apenas de 1%, ou seja, 213.870 toneladas depositadas no vidrão. Diz a SPV que para o aumento da recolha e reciclagem das embalagens de vidro "é fundamental que sejam implementadas soluções específicas, com a adaptação de ecopontos às necessidades dos estabelecimentos HORECA, como o baldeamento assistido, que são facilitadores na deposição e envio para reciclagem".