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João Neves: “A sustentabilidade é o mote para o futuro”

Secretário de Estado Adjunto e da Economia refere que o mundo está a sofrer uma profunda mudança na forma como as empresas têm de produzir e a sociedade incorporar produtos. Programas como o PPR e o Portugal 20/30 pretendem ajudar as empresas portuguesas nesta transição imposta pelas alterações climáticas e, cada vez mais, pela pressão dos consumidores.

20 de Setembro de 2021 às 15:00
João Neves, secretário de Estado Adjunto e da Economia
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A consciência de que é necessário um novo paradigma decorrente das alterações climáticas é cada vez maior em todos os quadrantes da sociedade, com a transição para um mundo mais sustentável a exigir a implementação de mudanças em todos os setores. "A sustentabilidade é o mote para o futuro", afirmou João Neves, secretário de Estado Adjunto e da Economia, no âmbito da talk «Economia Circular: reinventar os modelos de negócio», organizada pelo Jornal de Negócios a 16 de setembro, naquele que é o segundo ciclo de talks sobre sustentabilidade do jornal.

A sustentabilidade "é um tema que envolve de forma transversal a economia e a sociedade, que responde não apenas aos desafios das empresas, mas também das instituições e na forma como se regula o funcionamento dos mercados. Mas também tem a ver com as preferências dos consumidores e com a sua abordagem na seleção dos produtos que consomem. Portanto, é algo muito central, de diferentes pontos de vista, sobre aquilo que vai ser a evolução da nossa sociedade", referiu.

Vamos ter uma mudança significa ao nível da conceção dos produtos, para responder aos desafios dos mercados e também das preferências dos consumidores por produtos mais sustentáveis e eficientes do ponto de vista global João Neves, secretário de Estado Adjunto e da Economia
A transição para uma economia circular consubstancia-se em alterações em toda a cadeia de valor dos produtos. João Neves assinala que "vamos ter uma mudança significa ao nível da conceção dos produtos, para responder aos desafios dos mercados e também das preferências dos consumidores por produtos mais sustentáveis e eficientes do ponto de vista global. Portanto, vamos reforçar no futuro os princípios do eco design. Mas também toda a cadeia de produção, logística, distribuição, venda e pós-venda vai ter em conta essa dimensão".

A economia circular assenta nos princípios da reciclagem e reutilização dos produtos. E chegados estes ao seu fim de vida terão de ser reintroduzidos na economia, e também aqui está um grande desafio pela frente: "Por exemplo, se tivermos num material de vestuário vários tipos de fibras, é necessário numa fase de fim de ciclo de vida desse vestuário separar essas diferentes fibras de forma a poder reutilizá-las. Portanto, há desafios do ponto de vista tecnológico que são muito decisivos para que esta organização mais circular da economia possa acontecer", exemplifica.

Para além das óbvias alterações climáticas, outra força impulsionadora da mudança são os consumidores, uma vez que "estamos numa economia basicamente sustentada do lado da procura". Assim, "quando colocamos no mercado produtos que não correspondem às tendências de preferência dos consumidores evidentemente que o nosso mercado diminui. E aquilo a que assistimos um pouco em todo o mundo é um consenso generalizado sobre a dimensão da sustentabilidade em todas as atividades humanas. Há uma tendência de valorização daquilo que são as preferências mais amigas da sustentabilidade. Isto é algo que veio pra ficar", declarou.

Investimento na sustentabilidade

A transição traz consigo um conjunto de desafios às empresas para se adaptarem. Desafios aos quais João Neves diz que o Governo tenta responder com instrumentos como o Programa de Recuperação e Resiliência (PPR) e o Programa Portugal 20/30, que estarão em execução conjunta no futuro próximo. "Do lado do PRR nós temos uma medida muito importante de apoio à descarbonização das atividades económicas, com uma dotação muito expressiva de mais de 2 mil milhões de euros. Portanto, um investimento com certeza muito expressivo no contexto daquilo que são as respostas que podemos dar no curto e no médio prazo aos desafios associados aos processos de mudança à volta de mecanismos de sustentabilidade dos processos industriais. E teremos também uma outra medida com uma dotação também expressiva de cerca de 150 milhões de euros à volta de projetos relacionados com a bio economia. Em concreto, projetos mais orientados para a circularidade das atividades económicas", explica o secretário de Estado Adjunto e da Economia.

O objetivo será corresponder a necessidades específicas das empresas, para que se mantenham competitivas num mundo que vai seguramente mudar. "Obviamente que os desafios são difíceis e nalgumas áreas vai introduzir restrições do ponto de vista da capacidade concorrencial das nossas empresas. Aquilo que desejamos é que os instrumentos do lado financeiro permitam ajustar os processos industriais, minimizando os impactos negativos e valorizando o que podemos fazer bem", finaliza.

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