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Os investidores estão disponíveis para pagar um prémio pelas ações de empresas verdes. A conclusão é de um estudo do Banco Central da Dinamarca, publicado no final de janeiro. Os peritos mostram que por cada 1% de redução das emissões de carbono de uma empresa, o valor das suas ações aumenta 6%.
“Tudo o resto constante, as empresas com emissões de carbono mais baixas têm um preço mais elevado das suas ações, devido a riscos mais baixos sobre os seus rendimentos, do que as empresas com emissões mais elevadas”, lê-se na análise “Investidores pagam um prémio por ações verdes”, publicada a 27 de janeiro, e apresentada como um contributo do banco central dinamarquês para a discussão para a transição climática.
Como as empresas mais poluentes têm um risco maior de ser afetadas por aumentos de impostos no futuro, ou outras alterações na regulamentação, baixando os seus rendimentos, os investidores descontam esse risco no preço que estão disponíveis para pagar pelas ações, explicam os economistas.
O estudo abrangeu todas as empresas não financeiras incluídas no Euro Stoxx 600, que é um índice que representa cerca de 90% do mercado europeu, incluindo empresas grandes, médias e pequenas de 17 países da Europa – estão lá as principais praças financeiras da União, mas também o Reino Unido e a Suíça. Portugal também faz parte.
“Apesar de o efeito no preço não ser linear face à redução de emissões de CO2 e de ser menor para reduções maiores, dá uma indicação clara de que o preço aumenta se as emissões forem reduzidas”, assegura a análise do Danmarks Nationalbank.
Esta relação, argumentam os economistas, implica melhores condições de financiamento para as empresas mais verdes, o que dá um incentivo à transição climática. “Ao investir agora na transição verde, uma empresa pode assim conseguir custos de financiamento mais baixos no futuro”, lê-se no artigo. “Apesar de as reduções serem modestas face ao total dos custos de financiamento, ainda assim aumenta o incentivo para o investimento verde”, continua o documento.
As contas indicam que uma empresa média consegue reduzir os seus custos de financiamento anuais em quase 3%, se baixar as suas emissões de dióxido de carbono em 1%.
Quanto mais transparência nas políticas, melhor
Perante os resultados, o Banco Central da Dinamarca faz um apelo claro à transparência sobre as medidas de ação política planeadas para conter as emissões de carbono. “Os acionistas têm o direito ao rendimento da empresa, seja na forma de dividendos, ou de recompras de ações, uma vez que os salários, outros custos de produção, impostos e juros da dívida tenham sido pagos”, frisa o documento. “De forma a avaliar o preço de uma ação, um investidor precisa de formar uma expectativa sobre a evolução dos rendimentos futuros, as alternativas de retorno de um investimento sem risco e qual o valor da compensação de que precisa para assumir o risco de comprar ações, em vez de outros investimentos livres desse mesmo risco”, explicam os peritos.
Daí que quanto maior for a transparência sobre o rumo das políticas, sobretudo se estas penalizarem, como prometido, as emissões de carbono, melhor os investidores poderão avaliar o seu potencial impacto nas empresas cujas ações consideram comprar.
27 de janeiro, Banco Central da Dinamarca