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A União Europeia (UE) importa anualmente produtos agrícolas que ocupam terrenos com cerca de 50 milhões de hectares (ha) no seu conjunto, aproximadamente a dimensão de Espanha. Por outro lado, exporta cerca de metade, ou seja, o correspondente a um terreno agrícola de 28 milhões de hectares.
Segundo dados apurados pelo Centro de Pesquisa da UE (JRC, na sigla em inglês), relativos a 2021, a Argentina, o Brasil e a Ucrânia são os principais países a partir dos quais a UE importa produtos de terras agrícolas.
Os principais bens produzidos nestes terrenos agrícolas são óleos vegetais, como óleo de palma e óleo de girassol, culturas oleaginosas, como colza e soja, e resíduos das indústrias alimentares, como bagaços oleaginosos, principalmente destinados à alimentação animal.
O JRC indica também que o cidadão médio da UE utilizou 0,26 hectares de terras agrícolas em 2021 para satisfazer as suas necessidades anuais de consumo de alimentos e outros produtos de base biológica (por exemplo, gado, óleos ou algodão). Para comparação, o cidadão global médio utilizou cerca de 0,19 hectares no mesmo ano.
Em 2021, a utilização de solos agrícolas pela UE foi também ligeiramente superior ao limite de 0,25 hectares de solos agrícolas por cidadão mundial, estabelecido pelo quadro relativo aos limites planetários.
Para investigar a relação entre o consumo da UE e o uso do solo, o JRC, em colaboração com o Eurostat, desenvolveu um modelo que fornece estimativas anuais da pegada do solo da UE, ou seja, a superfície do solo necessária para produzir os produtos que consumimos.
O modelo considera três tipos de terrenos: solos agrícolas, prados e terrenos florestais utilizados para produzir produtos de madeira. Contabiliza as terras utilizadas internamente na UE e as terras utilizadas fora da UE para cultivar produtos importados.
O Eurostat utiliza as estimativas da pegada no solo para acompanhar os progressos da UE na execução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e para estimar os efeitos indiretos do consumo da UE.
Este modelo será também utilizado em combinação com outros modelos que estão atualmente a ser desenvolvidos pelo JRC no contexto da desflorestação, para avaliar a potencial desflorestação causada por bens importados selecionados e monitorizar a potencial desflorestação causada pelo sistema alimentar da UE.
O modelo visa também ajudar a identificar estratégias para reduzir o impacto ambiental do consumo da UE, como o aumento da circularidade e da eficiência das cadeias de abastecimento, a redução do desperdício alimentar e as mudanças na dieta.