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Há cerca de um ano a polícia alemã fez buscas no edifício do Deutsche Bank e da sua subsidiária de gestão de ativos DWS em Frankfurt. Não era um caso lavagem de dinheiro e tão-pouco de gestão fraudulenta. 31 de maio de 2022 ficou marcado como a data em que pela primeira vez a polícia entrou numa instituição financeira para investigar um caso de "greenwashing". A denúncia veio de Desiree Fixler.
A britânica entrara na DWS em 2020 para ocupar o cargo de responsável pela sustentabilidade do grupo (Group Sustainability Officer, em inglês) e moldar a estratégia sustentável do grupo. Em 2021, o Deutsche Bank anunciou que 459 mil milhões - de um total superior a 800 mil milhões em ativos sob gestão - preenchiam os requisitos ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG).
Contudo, depois de uma análise aprofundada, a especialista descobriu que, afinal, apenas uma fração dos ativos que diziam ser verdes eram realmente sustentáveis. Explicou então internamente que havia uma série de afirmações ESG no relatório anual e outras divulgações públicas não que só eram infundadas, como também exageradas, enganosas e erradas.
O tema foi mesmo levado à administração da DWS para que o problema fosse resolvido. Mas em vez de uma solução, o que Desiree Fixler obteve foi o seu despedimento, e esse foi o gatilho que a levou a denunciar a empresa externamente e a sensibilizar outras pessoas que também querem denunciar este tipo de fraudes. Foi um momento de viragem para a agora ativista, mas também para todo o mercado financeiro que se tem direcionado à sustentabilidade.
A ativista relata ao Negócios que ser classificada como denunciante não foi um caminho fácil. Pelo contrário, tem encontrado entraves, mas acaba por pesar mais o interesse em combater as práticas maliciosas com vista a fingir que se é sustentável. Em resultado, "abraçou" o que a tinha feito ser despedida, ao requalificar-se e reinventar-se profissionalmente.
Agora, além de dar palestras, também faz trabalho de consultora. Mas não ficou por aqui: é também presidente da Venture ESG, uma organização não governamental (ONG) focada na adoção de medidas ESG na indústria de capital de risco e também faz parte dos comités consultivos de ESG da britânica Financial Conduct Authority (FCA), da Chartered Financial Analyst (CFA) e ainda da London Stock Exchange Ventures.
Ainda antes da DWS, a "whistleblower" já se dedicava ao setor. Desiree Fixler tem mais de 20 anos de experiência em finanças sustentáveis e banca de investimento. Ocupou posições sénior em bancos como o Deutsche Bank, JP Morgan e Zais Group, gerindo investimentos ligados a ESG e negócios de crédito estruturados.
Além disso, também é reconhecida pelos produtos que criou, incluindo o primeiro índice de crédito negociável, JECI, que deu lugar aos índices iTraxx e CDX - índices que negoceiam "credit default swaps" (CDS), que são ativos de proteção contra riscos -, bem como uma série de securitizações e produtos de dívida privada ESG.
A britânica entrara na DWS em 2020 para ocupar o cargo de responsável pela sustentabilidade do grupo (Group Sustainability Officer, em inglês) e moldar a estratégia sustentável do grupo. Em 2021, o Deutsche Bank anunciou que 459 mil milhões - de um total superior a 800 mil milhões em ativos sob gestão - preenchiam os requisitos ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG).
Contudo, depois de uma análise aprofundada, a especialista descobriu que, afinal, apenas uma fração dos ativos que diziam ser verdes eram realmente sustentáveis. Explicou então internamente que havia uma série de afirmações ESG no relatório anual e outras divulgações públicas não que só eram infundadas, como também exageradas, enganosas e erradas.
O tema foi mesmo levado à administração da DWS para que o problema fosse resolvido. Mas em vez de uma solução, o que Desiree Fixler obteve foi o seu despedimento, e esse foi o gatilho que a levou a denunciar a empresa externamente e a sensibilizar outras pessoas que também querem denunciar este tipo de fraudes. Foi um momento de viragem para a agora ativista, mas também para todo o mercado financeiro que se tem direcionado à sustentabilidade.
A ativista relata ao Negócios que ser classificada como denunciante não foi um caminho fácil. Pelo contrário, tem encontrado entraves, mas acaba por pesar mais o interesse em combater as práticas maliciosas com vista a fingir que se é sustentável. Em resultado, "abraçou" o que a tinha feito ser despedida, ao requalificar-se e reinventar-se profissionalmente.
Agora, além de dar palestras, também faz trabalho de consultora. Mas não ficou por aqui: é também presidente da Venture ESG, uma organização não governamental (ONG) focada na adoção de medidas ESG na indústria de capital de risco e também faz parte dos comités consultivos de ESG da britânica Financial Conduct Authority (FCA), da Chartered Financial Analyst (CFA) e ainda da London Stock Exchange Ventures.
Ainda antes da DWS, a "whistleblower" já se dedicava ao setor. Desiree Fixler tem mais de 20 anos de experiência em finanças sustentáveis e banca de investimento. Ocupou posições sénior em bancos como o Deutsche Bank, JP Morgan e Zais Group, gerindo investimentos ligados a ESG e negócios de crédito estruturados.
Além disso, também é reconhecida pelos produtos que criou, incluindo o primeiro índice de crédito negociável, JECI, que deu lugar aos índices iTraxx e CDX - índices que negoceiam "credit default swaps" (CDS), que são ativos de proteção contra riscos -, bem como uma série de securitizações e produtos de dívida privada ESG.