Quase 40% dos compradores europeus de topo de gama e 50% de todos os compradores pretendem adquirir o seu primeiro veículo elétrico nos próximos 12 meses, se a experiência do produto for adequada, assinala um novo estudo da consultora BCG, publicado nesta quarta-feira, que identifica a experiência de carregamento e a autonomia como os maiores obstáculos à sua adoção até agora.

"Os fabricantes de veículos elétricos têm uma oportunidade única de atrair uma nova vaga de consumidores de gama alta", afirma Kathrin Pannier, sócia e diretora-geral do BCG e coautora do relatório. "Para serem bem-sucedidos, têm de oferecer veículos elétricos com as especificações e caraterísticas certas a um preço competitivo. Estes consumidores estão ansiosos por explorar o mercado dos veículos elétricos, mas também são digitalmente experientes e orientados para o valor."

Após um abrandamento no mercado europeu de veículos elétricos a bateria, uma nova vaga de compradores de topo de gama mostra potencial para impulsionar uma recuperação. Trinta e oito por cento dos consumidores de topo de gama que pretendem comprar um automóvel de 80 mil euros ou mais no próximo ano estão a considerar um veículo elétrico a bateria. Entre estes potenciais compradores, 64% escolheriam um veículo elétrico em vez de uma alternativa com motor de combustão interna se os modelos tivessem as mesmas especificações.

No entanto, para captar este segmento em crescimento, os fabricantes de veículos elétricos devem dar prioridade à satisfação das necessidades dos clientes e à resolução das principais preocupações.

O estudo baseia-se num inquérito a mais de 5.000 potenciais compradores de automóveis em cinco grandes mercados europeus: Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha. Destes, 20% pertenciam aos segmentos de preços topo de gama, premium plus e luxo.

O tempo de carregamento e a experiência de carregamento são os principais obstáculos à adoção, com 46% dos inquiridos preocupados com a falta de carregadores de alta velocidade, os longos tempos de espera e o custo da instalação de carregadores privados.

A autonomia é uma preocupação para 44% dos inquiridos, especialmente no que diz respeito à previsibilidade da bateria e ao seu desempenho em tempo frio. No entanto, estas preocupações diminuem significativamente entre aqueles que já conduziram um veículo elétrico a bateria - em 24% para o tempo de carregamento e 34% para a autonomia.

De um modo geral, a segurança e o conforto, a sustentabilidade, o desempenho de condução e a experiência digital são os principais critérios de compra para estes compradores de topo de gama.

Dinamização do mercado

Segundo a BCG, o mercado europeu de veículos elétricos premium+ e de luxo está prestes a dar uma volta.

Os segmentos premium (MSRPs de € 50.000 a € 80.000) e premium+ e luxo (€ 80.000 e acima) impulsionaram o crescimento das vendas de veículos elétricos a bateria na Europa de 2019 a 2022. Mas o crescimento dos segmentos premium+ e de luxo recuou de 22% em 2022 para 19% em 2023, contribuindo para um abrandamento global dos eletricos, que continuou em 2024 até agora.

A tecnologia pouco convincente, a fraca experiência de carregamento e autonomia, o baixo valor residual e os veículos que não corresponderam à herança da marca prejudicaram a experiência que os consumidores esperam, analisa a consultora. "Os compradores votaram com os pés e enviaram uma mensagem clara: se os fabricantes de automóveis querem vender veículos elétricos topo de gama têm de proporcionar uma experiência completa - incluindo carregamento e autonomia aceitáveis - para além de motores potentes, cabinas extremamente confortáveis e acabamentos de qualidade", indicam os analistas.

Agora, o número de potenciais compradores de veículos premium+ e de luxo está a aumentar e muitos destes consumidores, que têm preferências distintas e opiniões fortes, estão interessados em explorar os elétricos.

Os fabricantes podem (re)captar o seu interesse se ouvirem atentamente o que estes consumidores pretendem num novo automóvel elétrico, indica o estudo.

Os inquiridos revelam a emergência de um novo comprador premium+ e de luxo. O género é equilibrado (na verdade, uma divisão de 50-50). Os consumidores Millennials e da Geração Z representam 70% dos potenciais compradores. Estes consumidores têm um bom nível de formação (85% têm diplomas universitários), são urbanos (75% vivem em cidades) e estão prontos para mudar dos motores de combustão interna.