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Itália pede revisão da proibição de motores a combustão na UE

Ministro da Indústria italiano considera que evolução do setor automóvel na Europa deve ser uma prioridade da nova direção da Comissão Europeia.

09 de Setembro de 2024 às 11:43
Apesar do aumento do crédito automóvel e dos cartões e descoberto, a descida no segmento pessoal está a penalizar os empréstimos ao consumo.
Fabian Bimmer/Reuters
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Itália considera que deve ser feita uma revisão da proibição de motores a combustão na União Europeia (UE).

Adolfo Urso, ministro da Indústria italiano, defendeu, neste fim de semana, que no início do próximo ano deverá ser efetuada uma avaliação intermédia dos progressos realizados para cumprir as novas regras, atualmente previstas para 2026.

"Penso que esta deverá ser a primeira questão a ser tratada pela nova Comissão Europeia, porque as empresas e os trabalhadores precisam de clareza", afirmou Adolfo Urso numa conferência de imprensa à qual a Reuters teve acesso.

Recorde-se que a legislação comunitária aprovada vai exigir que os automóveis novos vendidos após 2035 tenham zero emissões de carbono, tornando impossível a venda de novos veículos movidos a combustíveis fósseis na região a partir dessa data.

O governo de direita de Giorgia Meloni considera que a Comissão Europeia deve permitir que os Estados-Membros tenham mais liberdade para escolher a tecnologia que preferem para cumprir os objetivos de descarbonização acordados e apoia um abandono mais gradual da tecnologia dos motores a combustão.

"A proibição de novos carros com motor a combustão em 2035 é absurda e tem de ser revista", afirmou o ministro da Energia italiano, Gilberto Pichetto Fratin, na mesma conferência.

Também neste fim de semana o CEO da Renault alertou que o setor automóvel europeu pode ter de pagar milhares de milhões de euros em multas à medida que as vendas de veículos elétricos abrandam.

Luca de Meo referiu que a indústria automóvel europeia pode enfrentar multas de 15 mil milhões de euros por emissões de carbono devido ao abrandamento da procura de veículos elétricos.

Os fabricantes de automóveis enfrentam objetivos de CO2 da UE mais rigorosos em 2025, uma vez que o limite máximo das emissões médias das vendas de veículos novos desce de 116 g/km em 2024 para 94 g/km.

"Se os veículos elétricos se mantiverem ao nível atual, a indústria europeia poderá ter de pagar 15 mil milhões de euros em multas ou renunciar à produção de mais de 2,5 milhões de veículos", disse de Meo à rádio France Inter. ‘A velocidade do aumento da produção de veículos elétricos é metade do que seria necessário para atingir os objetivos que nos permitiriam não pagar multas’, disse de Meo, que é também presidente da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.

"Toda a gente fala de 2035, daqui a 10 anos, mas nós devíamos falar de 2025, porque já estamos a ter dificuldades. É preciso darem-nos um pouco de flexibilidade. Estabelecer prazos e multas sem poder flexibilizar é muito, muito perigoso", afirmou.

Recorde-se que o setor automóvel europeu tem vindo a sofrer com a elevada pressão de vendas de veículos elétricos chineses ao mesmo tempo que enfrenta as imposições europeias para se tornarem mais verdes.

Na última semana, a Volvo anunciou o seu recuo na ambição de ser 100% elétrica em 2030. O fabricante automóvel defendeu a necessidade de políticas governamentais mais fortes e estáveis para apoiar a transição para a eletrificação. O reajuste das metas, indicou a Volvo na altura em comunicado, deve-se "à alteração das condições de mercado e das exigências dos clientes".

 

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