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Floresta perto de ser emissora de CO2 em vez de sumidouro devido aos incêndios

Se se chegar a 150 mil hectares de área ardida, o papel das áreas verdes em Portugal na captação de carbono poderá inverter-se em 2024.

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Os espaços verdes em Portugal, entre os quais florestas, mato e agricultura, estão muito perto de deixarem de atuar como sumidouros de carbono para serem emissores, devido ao dióxido de carbono emitido pelos incêndios que desde há vários dias assolam o território continental.

Segundo dados provisórios do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), até ao dia de hoje, 19 de setembro, já arderam 109.332 hectares de espaços rurais em Portugal.

Destes, 59% ocorreram em povoamentos florestais, 28% em matos e 13% em agricultura. Ao todo estão registadas 6203 ocorrências, segundo dados baseados no Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais.

"Se a área ardida vier a ser superior a 150 mil hectares, e neste momento há várias fontes a estimarem diferentes áreas, e dependendo obviamente da tipologia de ocupação do solo ardido (mato ou floresta), muito provavelmente a alteração do uso do solo e floresta passará a ser um setor emissor no inventário em vez de sumidouro", refere Francisco Ferreira, presidente da ZERO, ao Negócios.

Tendo em conta a emissão de CO2 para a atmosfera resultantes dos incêndios, o Negócios pediu à ZERO a avaliação sobre se a floresta e restantes espaços verdes estão a contribuir mais para capturar carbono ou para poluir a atmosfera quando ardem. Porém, esta é "uma contabilização relativamente complexa e incerta", segundo Francisco Ferreira. Algo que se pode fazer agora de forma provisória, mas que tomará uma forma mais definitiva aquando dos inventários de emissão de cada ano transmitidos às Nações Unidas, 15 meses depois do final de cada ano.

Assim, segundo contas da ZERO, tendo em conta dados estimados de outros anos, nomeadamente 2003, 2005 e 2017, "admitindo um valor de 109 mil hectares ardidos até agora e admitindo uma média de 20 quilotoneladas de CO2 emitidas por hectare, deveremos ter emissões da ordem de 2,2 milhões de toneladas", refere Francisco Ferreira. Não esquecendo que os incêndios ainda não terminaram e estes valores podem subir.

Para além disso, a este valor calculado, deve-se somar as consequências e alteração de uso do solo das áreas ardidas. Por comparação com outros anos, os dados "apontam para uma redução significativa da capacidade de sumidouros em Portugal, mas ainda não o suficiente para, como aconteceu nos anos anteriormente referidos, termos a categoria de alteração do uso do solo e floresta como emissor. Por agora, ainda deveremos ter esta componente de floresta como sumidouro, mas com valores bem mais reduzidos do que o desejável e necessário", acrescenta o presidente da ZERO.

 

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