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Energia fotovoltaica em zonas urbanas produziria mais energia do que Portugal necessita

Implantação de energia fotovoltaica em telhados, reservatórios de água e estradas poderia satisfazer metade das necessidades da União Europeia, para além de preservar o meio ambiente, segundo novo estudo do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia.

15 de Fevereiro de 2024 às 09:43
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Países pequenos como Portugal, Chipre, Estónia e Letónia poderiam produzir mais eletricidade do que o seu consumo atual com recurso a energia fotovoltaica implantada em telhados, reservatórios de água e estradas, conclui um novo estudo do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia (JRC, na sigla em inglês).

Onze países da União Europeia (UE), incluindo a Bulgária, Croácia, Grécia, Finlândia, Hungria, Eslováquia e a Suécia, têm potencial técnico para produzir entre 50% e 100% do seu consumo de eletricidade através de aplicações R3, assim denominadas numa alusão a "roof", "reservatoire" e "road".

A França e a Alemanha, apesar de terem o maior consumo final de eletricidade, têm potencial técnico para substituir mais de 30% do seu consumo atual. Itália, com o terceiro maior consumo final total, poderia potencialmente substituir até 47% da sua atual produção de eletricidade pela implantação de sistemas fotovoltaicos R3.

A estratégia da UE para a energia solar estabeleceu "objetivos ambiciosos" para a instalação fotovoltaica, visando 385 GWDC (320 GWAC) até 2025 e 720 GWDC (600 GWAC) até 2030. No entanto, segundo o JRC, a concorrência na utilização dos terrenos, os requisitos de licenciamento e as ligações à rede colocam restrições aos sistemas tradicionais montados no solo.

Por seu lado, a adoção em grande escala de sistemas fotovoltaicos em telhados e de aplicações inovadoras, como os sistemas fotovoltaicos flutuantes - associados à energia hidroelétrica - e os sistemas fotovoltaicos ao longo de estradas e caminhos-de-ferro, oferecem oportunidades de implantação de energias renováveis com um impacto muito limitado no ambiente e na biodiversidade e não aumentam a concorrência entre as utilizações dos solos, sublinham os analistas.

Estes sistemas também contribuem para a produção local de energia e para a descentralização, reduzindo simultaneamente as perdas de transmissão e melhorando a resiliência do sistema energético.

O estudo assinala que estas soluções poderiam aumentar a capacidade instalada total da UE para mais de 1 TWp sem comprometer o ambiente e acelerando a transição para a neutralidade climática.

Os resultados apontam para um potencial de capacidade de 1 120 GWp (933 GWAC), com uma produção correspondente de 1 208 TWh/ano, representando 48% do consumo de eletricidade da UE em 2022. "Esta capacidade, por si só, ultrapassaria facilmente os objetivos para 2030 estabelecidos na estratégia solar da EU", salienta o estudo.

A aplicação fotovoltaica em telhados é a que mais contribui, com 560 GWDC (466 GWAC) de capacidade técnica instalada e 680 TWh/ano de produção potencial de eletricidade. Segue-se a contribuição das instalações fotovoltaicas bifaciais verticais ao longo de estradas e caminhos-de-ferro, com uma contribuição potencial de 403 GWDC (336 GWAC), produzindo 391 TWh/ano. Quanto à implantação em 337 reservatórios hidroelétricos selecionados (cuja utilização principal é a eletricidade ou o abastecimento de água) poderia proporcionar 157 GWp (131 GWAC) de capacidade e 137 TWh/ano de eletricidade.

O estudo também identifica o potencial de redução da intensidade de carbono da eletricidade utilizando eletricidade de instalações R3 no atual cabaz de produção de energia. A França e a Alemanha poderiam reduzir a sua atual intensidade de carbono em 17% e 21%, respetivamente.

Os países com intensidades de carbono elevadas, como Polónia e Itália, poderiam reduzir a sua intensidade de carbono até 29%. Os países mais pequenos, como Estónia, Grécia, Letónia e Lituânia, onde a capacidade instalada do potencial técnico R3 é menor, podem ainda assim conseguir uma redução das emissões de CO2 superior a 35%.

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