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Poucos dias depois do fim das negociações sobre o clima da COP29, as Nações Unidas vão realizar mais uma cimeira decisiva para tentar travar o impacto do ser humano na destruição do ambiente, com arranque nesta segunda-feira. Delegados de 175 países reúnem-se até 1 de dezembro para a quinta ronda de conversações com o objetivo de garantir um tratado internacional para travar a poluição por plásticos, mas as divisões persistentes ameaçam a possibilidade de se chegar a um acordo final.
Esta ameaça surge na sequência da anterior ronda de negociações, realizada em Otava, em abril, ter terminado sem que se chegasse a um acordo sobre a limitação da produção de plástico. E dias depois de a COP29 ter terminado no Azerbaijão com um acordo que as nações menos desenvolvidas consideraram insuficiente.
A quinta reunião do Comité Intergovernamental de Negociação das Nações Unidas (INC-5) vai centrar-se nos produtos químicos que suscitam preocupação, entre outras medidas, depois de países produtores de petroquímicos, como a Arábia Saudita e a China, se terem oposto aos esforços para limitar a produção de plásticos.
O presidente do INC-5, Luis Vayas Valdivieso, disse nesta segunda-feira que estava confiante de que as negociações desta semana produziriam um tratado ou um texto que levasse a um tratado. "Sem uma intervenção significativa, espera-se que a quantidade de plástico que entra no ambiente anualmente até 2040 quase duplique em relação a 2022", disse Valdivieso na sessão de abertura em Busan, avança a Reuters. "Trata-se de a humanidade se erguer para enfrentar um desafio existencial", afirmou Valdivieso, recordando que já foram encontrados microplásticos em órgãos humanos.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, apenas 9% dos plásticos produzidos foram reciclados e 12% foram incinerados. O resto ainda está a ser utilizado, em aterros sanitários ou a poluir o ambiente. Cerca de 199 milhões de toneladas de plástico andam à deriva nos oceanos do mundo, o equivalente em peso a cerca de um milhão de baleias azuis.
Em agosto, os Estados Unidos afirmaram que iriam apoiar os limites de produção de plástico no tratado, colocando-os em sintonia com a UE, o Quénia, o Peru e outros países da Coligação de Elevada Ambição.
No entanto, a eleição de Donald Trump como presidente levanta agora questões sobre essa posição, uma vez que durante a sua primeira presidência evitou acordos multilaterais e quaisquer compromissos para abrandar ou parar a produção de petróleo e petroquímicos nos EUA.
A delegação dos EUA não respondeu a perguntas da Reuters sobre se iria reverter a sua nova posição de apoio a limites máximos de produção de plástico. Mas "apoia a garantia de que o instrumento global aborda os produtos de plástico, os produtos químicos utilizados nos produtos de plástico e o fornecimento de polímeros de plástico primários", de acordo com um porta-voz do Conselho de Qualidade Ambiental da Casa Branca.